Em poucas semanas, o COVID-19 expôs as vulnerabilidades dos atuais modelos logísticos globais. Provavelmente, iremos igualmente testemunhar a debilidade financeira de vários modelos de negócio. Se os viadutos fossem construídos com os mesmos coeficientes de segurança dos atuais modelos logísticos e financeiros, haveria acidentes constantemente.

Um mundo cada vez mais globalizado e, sobretudo, exigente em termos de margens, especificações e prazos de entrega foi exigindo cadeias logísticas e de abastecimento cada vez mais interligadas e eficientes. O problema é que sistemas otimizados exigem que todos os componentes estejam em perfeito funcionamento. O esforço para a otimização e para o just in time não tem tido, na maior parte dos casos, o correspondente cuidado na preparação de redundância – raramente há planos B e C. A culpa não pode ser atribuída de ânimo leve aos gestores porque a manutenção de alternativas traz mais resistência ao sistema, mas implica custos significativos que os podem colocar fora do mercado. Um bom exemplo é o das centrais térmicas de produção de eletricidade: estão ociosas grande parte do tempo, mas têm custos de manutenção elevados.

O just in time também tem sido aplicado à componente financeira de muitos negócios. Se do COVID-19 resultarem (e vai acontecer) falhas de pagamentos, as empresas que tenham menos folga financeira podem sofrer colapsos de tesouraria. É por isso que os Bancos Centrais têm atuado nos últimos dias e destacado a necessidade de auxiliar as PME.