As private equity dão um contributo cada vez mais importante para a economia global. Este sector duplicou em tamanho desde a recessão de 2008, tendo atualmente cerca de 3,4 mil milhões de dólares de ativos sob gestão. Estima-se que este valor aumente para cerca de cinco mil milhões de dólares nos próximos três a cinco anos.
Com mais de 700 milhões de dólares de fundos disponíveis nas private equity em todo o mundo, tudo indica que uma recessão económica provavelmente apresentará oportunidades interessantes para a alocação de reservas de capital, logo que os preços se tornem mais interessantes para os investidores.
Embora as empresas apoiadas por private equity tenham tido um desempenho geralmente bom durante a última crise financeira global, na década que entretanto se passou o seu modelo de operações também evoluiu no sentido de se tornar melhor preparado para futuras recessões. Os fundos melhoraram as suas capacidades operacionais, podendo ajudar as empresas em que participam a tomar melhores decisões face a um entorno económico mais volátil. E a sua expansão para novas classes de ativos – em especial o crédito – dá aos fundos novos meios para apoiarem as suas participadas.
Face aos desafios colocados pela atual situação de pandemia, as private equity encontram-se assim melhor preparadas para dar resposta às necessidades das suas participadas, bem como habilitadas a procurarem novas oportunidades de investimento, nomeadamente na consolidação de empresas nos setores mais afetados.
Atendendo ao longo período de expansão da economia global, e aos diversos sinais de incerteza resultantes da evolução recente da geopolítica global, as private equity já se vinham a preparar para um possível cenário de correção de mercado, que acabou por ser acelerado pelo COVID-19.
Estas matérias foram recentemente objeto de análise pela EY, estando condensadas no documento “Why Private Equities Can Endure the Next Economic Downturn”. Os principais takeaways deste documento, que conclui que as private equity estão melhor preparadas para a próxima recessão do que estavam aquando da última crise financeira, podem ser sintetizados da seguinte forma:
A indústria tem mais capital à sua disposição – a entrada no sector de family offices e fundos soberanos, entre outros, resulta na disponibilidade de mais fundos, estimando-se estarem disponíveis para investimento imediato cerca de 1.400 milhões de dólares.
As private equity têm-se diversificado, o que aumenta a sua resiliência – alguma contração dos bancos no financiamento de PMEs após a crise financeira levou muitas private equity a suprirem essa necessidade, passando a atuar em toda a estrutura de capital das suas participadas.
As private equity expandiram as suas capacidades operacionais – uma melhor utilização de tecnologia e de parcerias dá-lhes maior capacidade e maior flexibilidade na resposta às necessidades das participadas.
Com este enquadramento, e apesar de todas as incertezas causadas pela presente situação de pandemia, tudo indica existir maior resiliência por parte das private equity, o que lhes abre a porta para serem um instrumento essencial no processo de recuperação da economia, ajudando à recuperação de negócios viáveis e à salvaguarda de postos de trabalho.