Durante o mês de abril foram registadas 189 unidades de Alojamento Local (AL). Números que são indicadores da grave crise que o setor atravessa devido à pandemia do coronavírus, sendo este o pior resultado dos últimos 64 meses, sendo preciso recuar a setembro de 2014 para encontrar um volume de registos mais baixos. Os dados foram revelados no relatório mensal de maio da consultora Imovendo esta segunda-feira, 25 de maio.
Manuel Braga, CEO da Imovendo, refere que “esta é apenas uma evidência da falta de confiança que os investidores atualmente sentem e que revela também que as expetativas futuras para o Turismo, em geral, e para o AL em particular, são longe de animadoras, mesmo com os programas que algumas câmaras municipais já anunciaram, como é lo caso de Porto e Lisboa”.
O responsável salienta que o Alojamento Local é visto como quase-tóxico, quando era encarado, até março, como um produto de elevada rentabilidade.
“Quem apostou no AL procura agora alternativas, como a venda de ativos ou a sua colocação no mercado de arrendamento de longa duração. Quem dele dependia para escoar produto reabilitado, vê-se com ativos desvalorizados e com menor procura. Quem nele pensava apostar, retrai-se agora, fruto da elevada incerteza e risco que enquadra o setor”, sublinha.
Para Manuel Braga, a grande questão dos próximos meses é saber até que “ponto a recuperação que aparentemente hoje se vive no mercado imobiliário (com mais leads de procura, com mais negócios a serem realizados, e com uma dinâmica muito interessante a ser assegurada do lado comprador) não resulta apenas de um efeito” de ‘válvula de descompressão’ após mais de dois meses de confinamento sem sustentabilidade ao longo dos próximos meses, e que será alvo de um gradual efeito de erosão por via de quebras reais no turismo internacional, de um aumento do desemprego e sub-emprego e uma maior exigência por parte das instituições financeiras no âmbito da concessão de crédito à habitação”.
Manuel Braga assume que é preciso refletir e pensar numa estratégia para o futuro. “É provável que, à medida que o desconfinamento ocorra, a confiança regresse, mas a amplitude da queda de confiança dos profissionais no futuro próximo obriga a que se reflita sobre as melhores estratégias para acelerar a recuperação e a confiança dos consumidores”, afirma.
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