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Multinacionais DHL e DPD anulam perdas com ‘boom’ do ‘e-commerce’

Recurso crescente ao comércio digital em Portugal disparou com a pandemia e deverá prolongar-se e reforçar no futuro. Empresas do setor preveem recuperação ou crescimento até ao final de 2020.
13 Junho 2020, 18h00

A DPD, multinacional de capitais franceses que opera em Portugal no setor da distribuição logística, resultante da recente fusão entre a Chronopost e a Seur, reporta um forte crescimento das encomendas efetuadas pelos consumidores finais em Portugal desde que a pandemia de Covid-19 se começou a fazer sentir no nosso país.

“A DPD acredita que as vendas online vão ter uma expressão cada vez maior, como nunca visto anteriormente, e será necessário um esforço acrescido por parte de todas as empresas para que consigam adaptar o seu modelo de negócio a esta nova realidade”, destaca Olivier Establet, CEO do Grupo DPD para Portugal. Segundo o responsável, “a nossa perspetiva é de terminar o ano com um crescimento a dois dígitos”.

“Na DPD, sentimos, logo no início da pandemia, uma evolução rápida de diminuição dos fluxos B2B [business to business, ou seja, de empresa para empresa] com o fecho das lojas de rua e nos centros comerciais, mas em contrapartida um acréscimo significativo do B2C [business to consumer, isto é, da empresa ao consumidor final], sobretudo para bens essenciais”, explica Olivier Establet. Para o responsável da DPD, “este aumento deve-se ao facto de que mais consumidores passaram a ficar em casa e evitar sair para efetuar compras”. “Como tal, recorreram à oferta disponível através do e-commerce”, conclui Olivier Establet.

A mesma realidade é relatada ao Jornal Económico por José António Reis, diretor geral da DHL Express Portugal. “Podemos dizer que a quebra de volumes em abril foi residual, porque o negócio B2C compensou largamente a queda em B2B”, confidencia este responsável. No seu entender, “o investimento previsto em Portugal é para continuar”, uma vez que o nosso mercado é visto pela DHL “como um grande foco estratégico a nível regional”.

“Percebemos que o setor do e-commerce cresceu significativamente, impulsionando uma tendência que ganha cada vez mais peso em Portugal. A situação da Covid-19 funcionará, provavelmente, como um ponto de reflexão e levará a uma mudança nos comportamentos dos consumidores e nos hábitos de consumo. As pessoas estão a perder o medo de comprar online e devemos ter em consideração que, a partir de agora, o e-commerce adquirirá um carácter mais transversal, aplicando-se a outros setores nos quais até agora não era muito relevante”, defende, por sua vez, Hugo Oliveira, country manager da ID Logistics Portugal.

Já Luís Marques, managing diretor da DB Schenker, do gigante germânico Deutsche Bahn, admite que “os fornecedores de logística, estando no meio da procura e da oferta, sofrem naturalmente um grande impacto”.

“Para além da desaceleração económica, o desequilíbrio disruptivo entre a procura e oferta em várias locais do mundo colocaram os operadores logísticos à prova na sua capacidade de desenvolvimento e entrega de soluções. O mesmo acontecerá com a esperada retoma e apenas os que estão mais preparados conseguirão responder ao desafio de forma adequada”, adverte este responsável. Luís Marques assinala ainda que a pandemia “representou uma redução assimétrica de volume de negócios”, mas garante: “já estamos a retomar a nossa atividade e esperamos uma recuperação gradual até alcançar os volumes habituais pré-Covid”.

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