O novo “parece-que-é-ministro-mas -não-é” já dá entrevistas. E opinando largamente sobre o reforço do papel do Estado e as soluções económicas e sociais que irá propor ao país. Aparentemente, só necessita para isso de 48 horas. Temos que reconhecer que a situação é bizarra. Mas não é nova. É aliás comum na política francesa.
Especialistas disto e daquilo são encarregues pelo Presidente da República para conceberem determinada estratégia ou elaborar determinados estudos. E normalmente o resultado é mau. Pese embora a proeminência do presidente francês na estrutura do executivo, tais comissários especiais são recebidos com desconfiança pelos membros do Governo que tutelam as áreas conflituantes.
Acontece que, no caso vertente, o novo comissário político coloca-se na posição instável de ser uma espécie de porta-voz do primeiro ministro embora sem o estatuto jurídico adequado. Os equívocos dificilmente deixarão de surgir quando se discutir a paternidade da política económica do Governo e o papel do atual ministro da Economia.
Este, aliás, que se tem revelado, no essencial, acertado (e ponderado) nas suas decisões, bem que dispensaria o contributo “cívico” do novo “independente” . E na verdade, das duas uma: ou se reconhecem competências técnicas no “gestor independente” e é dar-lhe a pasta da Economia ou então é deixar o atual titular fazer o que tem que fazer e no fim cá estaremos para o avaliar!