A tomada de posse que decorreu nesta segunda-feira no Palácio de Belém fez de João Leão, secretário de Estado do Orçamento neste e no anterior Executivo de António Costa, o segundo ministro das Finanças mais novo de Portugal no século XXI. Com 46 anos e quatro meses, o sucessor de Mário Centeno só fica atrás da última responsável pela pasta nos governos de Pedro Passos Coelho, pois Maria Luís Albuquerque só celebrou o 46.º aniversário dois meses e meio após substituir Vítor Gaspar, de quem era secretária de Estado do Tesouro.
João Leão tornou-se ministro de Estado e das Finanças com quase cinco anos de experiência no Terreiro do Paço, incluindo a elaboração e aprovação de cinco orçamentos do Estado, mas ligeiramente mais jovem do que Mário Centeno era quando tomou posse pela primeira vez, a 26 de novembro de 2015. Ao antigo assessor da administração do Banco de Portugal, responsável pelo cenário macroeconómico que esteve na base do programa de governo do PS, faltavam então 13 dias para completar 49 anos.
Neste século só houve mais um ministro das Finanças a tomar posse antes dos 50 – Guilherme d’Oliveira Martins acumulou com a pasta da Presidência entre 2001 e 2002, no segundo Executivo de António Guterres – tendo então 48 anos, mas aquilo que se tornou raro nas últimas décadas, com a escolha de “veteranos” para a pasta, incluindo Vítor Gaspar, Teixeira dos Santos, Luís Campos e Cunha, Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite, chegou a ser regra depois do 25 de Abril e durante o “cavaquismo”, quando a juventude era a nota dominante entre aqueles que tinham a responsabilidade de gerir as contas públicas.
Tanto assim é que João Leão fica fora da lista dos dez ministros das Finanças mais jovens dos governos constitucionais. Num ranking que incluiu três “trintões”, o “benjamim” é Vítor Constâncio, mais tarde secretário-geral do PS, governador do Banco de Portugal e vice-presidente do Banco Central Europeu, que tomou posse a janeiro de 1978, no segundo executivo de Mário Soares, resultante de um acordo com o CDS, quando tinha apenas 34 anos. Logo a seguir vem Sousa Franco, que quase duas décadas antes de se tornar o primeiro detentor da pasta a cumprir uma legislatura inteira – entre 1995 e 1999, com António Guterres a primeiro-ministro – entrou para o Governo dez dias antes do 39.º aniversário, no efémero governo de iniciativa presidencial de Maria de Lourdes Pintasilgo em 1979. E também Miguel Beleza tinha 39 anos em janeiro de 1990, quando Cavaco Silva o chamou para substituir Miguel Cadilhe, fragilizado pelo escândalo da falta de pagamento de sisa na compra de um apartamento que fora revelada pelo semanário “O Independente”.
Quarenta anos era a idade de Cavaco Silva ao ser chamado a assumir a pasta das Finanças por Francisco Sá Carneiro, em janeiro de 1980, após a vitória da Aliança Democrática – saindo um ano depois, após a morte do primeiro-ministro em Camarate – e de Miguel Cadilhe, ao ser escolhido pelo já primeiro-ministro e líder do PSD, uma década mais tarde. Mas também o seu antecessor no cargo, Ernâni Lopes, a quem coube aplicar a austeridade no executivo de Mário Soares que ficou conhecido por “Bloco Central”, por resultar de uma aliança pós-eleitoral entre PS e PSD, tinha 41 anos em junho de 1983, tal como o centrista Morais Leitão, ministro das Finanças escolhido por Pinto Balsemão em janeiro de 1981, tinha apenas 42.
Outros detentores da pasta que assumiram o cargo antes dos 50 anos foram Jorge Braga de Macedo, penúltimo ministro das Finanças do “cavaquismo”, que tinha 44 anos em outubro de 1991, João Salgueiro (segundo responsável pela pasta de Pinto Balsemão, tomando posse em setembro de 1981), que tomou posse com 47 anos, mesma idade que Joaquim Pina Moura tinha em outubro de 1999, no segundo governo de António Guterres. Mas mais novos do que Salgueiro e Pina Moura foram dois pioneiros dos governos constitucionais: Medina Carreira assumiu a pasta no primeiro executivo de Mário Soares, a 23 de julho de 1976, com 45 anos, e José Silva Lopes era apenas um ano mais velho em 1978, no governo de iniciativa presidencial de Nobre da Costa. Mas este economista já tinha desempenhado iguais funções nos dois primeiros dos quatro governos provisórios de Vasco Gonçalves, tendo 42 anos na primeira vez, a mesma idade de Vasco Vieira de Almeida no primeiro governo provisório da democracia portuguesa, liderado por Adelino da Palma Carlos.
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