A história do “copo meio cheio ou meio vazio” é algo em que pensamos todos os dias. A forma como se enfrentam as realidades difíceis reside na maneira como percecionamos diariamente os desafios. E o sucesso da ação também, sendo que a diferença está em vermos a realidade como um problema ou uma oportunidade.
Esperamos que alguém nos venha tirar do buraco ou começamos nós a criar degraus para sair dele? Em poucos meses o mundo ficou completamente “de pernas para o ar”. O que era considerado como certo, mais do que incerto, desapareceu.
Estes são momentos de novas oportunidades e novas estratégias.
No momento em que o Governo está a preparar o Programa de Recuperação Económica, abre-se uma janela de oportunidade para investir fortemente na redefinição estratégica de Portugal, aproveitando a necessidade de revitalização do país.
Hoje, o mundo económico não tem fronteiras. O peso da dimensão geográfica é moenor. Ao longo dos tempos, este sempre foi um fator apontado como uma das principais limitações de Portugal. Já não existe!
O mundo digital acelerou a globalização. A dimensão geográfica passou a ser uma variável controlada e com um peso crescente e mais relevante nas decisões. Olhando para o “copo meio cheio”, Portugal tem de perceber que pode ganhar escala mundial em qualquer área se souber aproveitar o que o mundo digital tem para lhe dar: muita eficiência e mais eficácia.
Uma crise económica pode hoje ser gerida de forma diferente de há uma década atrás. Vários caminhos paralelos têm de ser traçados para o desenvolvimento da estratégia.
Um dos caminhos será o da aceleração nos processos de transformação digital na Administração Pública. Ganhar-se-á certamente na eficiência, na transparência e no serviço ao cidadão, garantindo-se com isso redução e controlo de custos, a médio e longo prazo. Este vetor de ter uma máquina burocrática 100% digital trará uma reviravolta na forma como todo um país funciona.
Passar para um patamar mais elevado de gestão, passando de eGovernement simples, para “Smart Government”, o qual permitirá ações em tempo real de adaptabilidade e necessidade da sociedade. Muito tem sido feito, sem dúvida, mas ainda não saímos do adro da igreja quando falamos de “Smart Government”. É preciso coragem, bem como reforçar a Transformação Digital na linha estratégica política, com planos de ação e modelos de controlo de execução.
Importa reconhecer que existem vários países bem mais avançados e aprender com eles. E ter na Administração Pública a ambição de ser melhor, fazendo diferente e digitalmente.
Ao nível empresarial, o país tem ainda de criar ainda mais dinamismo, mas desta vez, ao nível da criação de empresas de dimensão mundial. Não podemos continuar a incentivar, em grande medida, o crescimento no mercado nacional.
O Plano de Recuperação Económica deve passar, por exemplo, por medidas de reforço em investimentos de aceleração de processos de transformação digital, em criação de plataformas digitais de comércio lideradas por associações empresariais, obrigando-as a serem também um motor mais agregador e mobilizador, para uma estratégia digital e comercial do setor privado. Mas há muito mais que se pode fazer… incentivando e exigindo, incentivando e responsabilizando.
Marcar um novo rumo será essencial. Aprender a ganhar escala para um país é ter ambição e, hoje, isso faz-se com o digital no centro da decisão. Esta é uma base da estratégia da oportunidade do “copo meio cheio”.