Apesar de apenas terem decorrido 4 meses desde o surgimento dos primeiros casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus SARS-Cov-2em Portugal, para a grande maioria dos trabalhadores este pequeno período pareceu uma eternidade. Muitos desafios profissionais e pessoais surgiram para toda a sociedade portuguesa e chegou a altura de fazer um balanço. E quem melhor para fazer “balanços” que os Contabilistas Certificados.
Enquanto os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e outros profissionais) se encarregaram da preservação da saúde das pessoas, os contabilistas têm ajudado as empresas afetadas (ou “infetadas”) a sobreviver. Num período historicamente já caracterizado por um volume acrescido de trabalho, considerando o encerramento das contas estatuárias, preparação das demonstrações financeiras para as assembleias gerais e preparação das declarações fiscais anuais dos seus clientes, estes profissionais depararam-se agora com novos desafios em resultado do corrente período de exceção.
Para fazer face aos impactos da pandemia, o Governo tem vindo a tomar medidas de apoio aos cidadãos e às empresas, com o intuito de proteger o emprego e as famílias, assegurando liquidez às empresas e às pessoas, seja por via de linhas de financiamento, moratórias nos empréstimos bancários e nas rendas, bem como na flexibilização no pagamento de impostos e contribuições sociais, entre outras.
Desde o início de março que os contabilistas, na sua maioria a trabalhar a partir das suas casas, não têm tido “mãos a medir”. A análise do impacto da pandemia no negócio dos seus clientes, com a respetiva necessidade de divulgação no Anexo às Contas, bem como a análise das medidas de apoio determinadas pelo Governo, que ao longo destes 4 meses foram “em catadupa” anunciadas, publicadas, revogadas, ajustadas e melhoradas, foram “apenas” alguns dos seus desafios. A adaptação ao teletrabalho teve de ser forçosamente rápida, em particular do ponto de vista tecnológico, mas também social, no lidar com os condicionalismos existentes a nível da separação dos espaços trabalho / família e a desregulação de horários. É já razoável concluir que o sucesso desta nova forma de trabalhar se deveu sobretudo à tecnologia hoje existente e às boas condições de acesso à internet. Há uns anos, tal não seria possível.
Os contabilistas, para além das suas responsabilidades estatutárias, têm desempenhado outros papéis, todos eles importantes e não menos relevantes. Determinou-se que fossem os Contabilistas Certificados a garantir a conformidade dos pedidos das empresas para aceder a alguns dos “ventiladores” ou paliativos do Governo, nomeadamente na certificação dos processos de flexibilização do pagamento dos impostos e das contribuições sociais, bem como da manutenção dos contratos de trabalho (os designados de lay-off simplificado). Com o acréscimo de trabalho resultante da pandemia, foi assim dada uma “ajuda” aos contabilistas por via da extensão dos prazos para o cumprimento das obrigações fiscais dos seus clientes (IRC, IVA, Dossier Fiscal, IES, etc.), permitindo-lhes assim, com menos pressão, desenvolver o seu trabalho com a qualidade que lhes é exigida e reconhecida.
É tempo de fazer um balanço. Este período serviu às empresas para refletirem sobre os seus modelos de negócio, para redefinirem as suas estratégias de localização e dimensão das suas instalações, desafiar as suas cadeias de abastecimento, ou seja, no fundo reinventarem-se. É hoje já claro que o caminho será assegurado, para grande parte delas, com apoio de tecnologia (digital tools e segurança dos sistemas) e capacitando os seus recursos com skills digitais. A digitalização irá tornar-nos mais eficientes no desempenho das nossas tarefas, ficando para o capital humano, sem margem para dúvida, as tarefas mais interessantes e mais desafiadoras.
Já se percebeu que “os ventiladores e os paliativos” não foram suficientes para ultrapassar a crise empresarial, que se prevê duradoura. As próximas medidas de apoio, sejam elas mais ou menos robustas, contarão sempre com o apoio dos Contabilistas Certificados na sua implementação e execução material, o qual é e continuará a ser essencial para manter vivas as empresas em Portugal.