Num volte-face com contornos ainda por esclarecer, a Huawei pode estar na iminência de passar de fornecedora de rede móvel a empresa banida no Reino Unido para o desenvolvimento e implementação da quinta geração da rede móvel (5G). Numa movimentação que pode “irritar” a China e “deliciar” os Estados Unidos, a agência Reuters noticia esta terça-feira, 14 de julho, que o governo de Boris Johnson está “preparado” para banir a Huawei do 5G britânico.
A Reuters refere que o novo posicionamento britânico se deve à forma como a China e as autoridades de Hong Kong têm atuado perante as manifestações contra a nova legislação de segurança daquela região administrativa especial chinesa.
Mas também o mais recente relatório da GCHQ, que surgiu no seguimento de uma nova restrição imposta pelos Estados Unidos à Huawei, aplicada em maio, vem dar força à mudança de atitude britânica. A nova regra estipula que os fabricantes estrangeiros de semicondutores que usem tecnologia norte-americana devem obter licença ou certificação para vender semicondutores fabricados para a Huawei.
Desta forma, a administração Trump torna cada vez mais difícil o acesso das empresas de telecomunicações europeias aos produtos da maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações, a Huawei. Por um lado, a medida permite que empresas nos EUA trabalhem com a Huawei. Mas, por outro, obriga à revisão da estratégia dos Estados perante a Huawei.
O Conselho de Segurança Nacional do Reino Unido, órgão que é presidido pelo primeiro-ministro britânico, reúne esta terça-feira para discutir o tema. O ministro para a Transição Digital, Cultura, Media e Desporto daquele Estado, Oliver Dowden, fará ao final da manhã desta terça-feira uma comunicação sobre a reunião e a Huawei na Câmara dos Comuns.
Há um ano, o comité de inteligência e segurança do Reino Unido (o Government Communications Headquarters, GCHQ) tinha garantido, em julho de 2019, que barrar a Huawei tornaria as redes menos resistentes a ataques maliciosos, evidenciando que banir a empresa chinesa reduziria a concorrência e deixaria o Reino Unido dependente de apenas dois fornecedores, Nokia e Ericsson.
Já em 2020, em janeiro, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, abriu caminho à Huawei, procurando um acordo para que as operadoras britânicas usassem equipamentos da Huawei para desenvolver 5G, desde que concordassem em não usá-los no core da nova rede móvel – isto é, em núcleos sensíveis da rede.
Agora, a atitude do governo britânico mudou, após pressão dos EUA e numa altura em que o Reino Unido prepara a separação definitiva da União Europeia, após a consumação do Brexit em janeiro.
Embora a Huawei negue qualquer acusação e Pequim acuse os EUA de usar leis de segurança nacional para restringir um rival que ameaça o domínio exercido pelas empresas de tecnologia dos EUA, a administração Trump continua a acusar a maior fabricante mundial de equipamentos para empresas de telecomunicações de cooperar com os serviços secretos chineses.
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