O turismo em Portugal e em particular a hotelaria foram severamente atingidos pela crise originada na pandemia de Covid-19 desde o final do primeiro trimestre. Situação que foi agravada com a proibição de entrada/obrigação de quarentena de passageiros oriundos de aeroportos portugueses desde meados de junho e com especial incidência nos voos para o Reino Unido desde o início de julho.
Para ultrapassar os grandes desafios que avizinham num mundo pós Covid, o mercado hoteleiro terá que necessariamente adaptar-se a uma nova realidade.
Um dos problemas do mercado hoteleiro em Portugal é a elevada fragmentação do mesmo. Quando juntamos os cinco maiores players no mercado hoteleiro em Portugal, constatamos que representam apenas 8% do número total de unidades (dados do Portuguese Hospitality Atlas Deloitte 2019).
O boom do turismo que vivemos nos últimos anos, em conjunto com a ascensão meteórica do Alojamento Local, fez com que a indústria hoteleira em Portugal se aproximasse de uma nova fase de introdução que é tradicionalmente marcada pelo aparecimento de players mais pequenos.
Se analisarmos o nosso maior concorrente na captação de turistas, o mercado espanhol, constatamos que as unidades que pertencem a cadeias hoteleiras representam 34% do total vs 24% em Portugal (dados do European Chain & Hotels Report Horwath HTL 2019).
Esta elevada fragmentação prejudica toda a cadeia de valor do mercado, a começar pelas condições dos trabalhadores, passando pelas relações com os fornecedores e com particular incidência na inovação, o que em última instância se reflete na experiência de cada hóspede.
Devido à pandemia e às suas diferentes consequências, muitas unidades hoteleiras, particularmente as unidades independentes, serão obrigadas a restruturar-se e, no limite, poderão ver-se obrigadas a encerrar – situação que representa uma oportunidade para a concentração do mercado.
Uma maior integração das diferentes unidades em grandes cadeias permitirá criar sinergias que resultarão numa maior eficiência que se reflete nos resultados, permitindo às unidades hoteleiras não só manter-se abertas como realizar investimentos que de outra forma não teriam capacidade para o fazer, melhorando e inovando os serviços prestados aos hóspedes.
Para além disso as cadeias hoteleiras dispõem de ferramentas que as ajudam a estimular a procura das suas unidades promovendo o destino. Estas ferramentas permitem ainda às cadeias hoteleiras projetar modelos de ocupação e receita melhor sucedidos, o que resultará não só num preço médio mais elevado como numa maior rentabilidade que, em última instância, também permitirá às unidades hoteleiras manter mais colaboradores e com melhores condições.