O país habituou-se diária e quase permanentemente a acompanhar as notícias sobre o impacto e desenvolvimento da Covid-19. Na ânsia de conhecer resultados positivos de redução de infetados, de mais recuperações e da inexistência de vítimas a lamentar. Sofremos enquanto acompanhamos a progressão da doença pelo mundo e assistimos às reações, ou falta delas, perante o modo de lidar com a crise.

Direta ou indiretamente, todos sofremos os efeitos da pandemia. A par de estabelecimentos encerrados, confinamento, teletrabalho, takeaway, lay-off, passaram a ser expressões do quotidiano. As medidas tomadas minimizaram os efeitos na vida das pessoas, das empresas e dos países. O Governo esforçou-se, com o apoio genérico da oposição, e até as instituições europeias mostraram uma capacidade de entendimento perante a gravidade da situação, cujas consequências estão ainda longe de apuradas.

Prioritariamente em atenção à questão sanitária, depressa se percebeu que os impactos na economia seriam devastadores se não fossem assumidas respostas para acautelar o futuro imediato. E todos os governos tiveram o cuidado de começar a conjugar saúde com recuperação económica, prevenindo a cura, para não sucumbir à doença.

O principal sinal de que a recuperação suplantava os efeitos da doença nasce com o anúncio da escolha de Lisboa para a fase final da Liga dos Campeões e agora com o regresso da Fórmula 1. Tal merece um destaque particular, pois devolve ao país serenidade e reconhecimento da capacidade de iniciativa por parte de entidades não-governamentais, como as federações de futebol (FPF) e de automobilismo (FPAK).

Estes eventos de nível mundial, com audiências de milhões de espetadores, divulgam o nome de Portugal, num registo de normalização e de credibilidade.

A “Champions” num formato único, mesmo sem público, proporciona uma exposição a Lisboa e ao país, diariamente e durante várias semanas, numa multiplicação incalculável. O Grande Prémio F1 regressa ao fim de 24 anos, e leva até ao Algarve o evento que muitos ansiavam. Ambas as iniciativas – da bola e do asfalto – no topo da escala das respetivas disciplinas, ultrapassam a dimensão desportiva, com tremendo impacto económico, social e comunicacional, com resultados bem superiores ao esforço de investimento exigido.

A realização destes eventos exprimem a capacidade de iniciativa e organização, fruto de um espírito empreendedor dos portugueses, como historicamente reclamamos. Com isto, o país é reconhecido como seguro, estável e controlado sanitariamente.  Assim a imagem de Portugal, em momento de grande apreensão mundial, emerge com efeitos gerais positivos, que não seriam facilmente alcançáveis.

Sendo produto expresso da iniciativa privada, mesmo com apoios públicos não pode o poder político reclamar vitória sua. A União Europeia conseguiu aprovar financiamentos importantes, que a prazo serão seguramente relevantes. Os apoios aqui e agora constituem investimentos reais e de retorno seguro e emergente. Estes são investimentos que contam.