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Quebra abrupta do PIB faz da retoma económica uma “miragem”, diz AEP

AEP afirma que o tombo histórico no PIB português vem a confirmar as dificuldades sentidas no setor. A entidade destacou que “teve hoje a confirmação oficial daquilo que as empresas e, consequentemente, a economia portuguesa já têm vindo a sentir: uma quebra abrupta na atividade, de que não há memória”.
31 Julho 2020, 18h15

Após a divulgação dos resultados da queda do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no segundo trimestre deste ano, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) afirmou que a “tão esperada” recuperação económica poderá ser apenas uma “miragem”.

Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a associação considera este tombo como uma “quebra abrupta na atividade, de que não há memória” e confirma as dificuldades que o setor tem vindo a sentir.

“A AEP sabe, agora, que a já sentida redução do PIB no segundo trimestre do ano ascendeu a -14,1% em cadeia e a -16,5% em termos homólogos”, escreve em comunicado. O organismo acrescenta ainda que o mesmo se verifica nos principais parceiros comerciais “que registaram igualmente reduções no seu PIB na ordem dos dois dígitos”, nomeadamente Espanha que mergulhou a pique 18,5% em cadeia e 22,1% em termos homólogos e o França a registar uma quebra de 13,8% em cadeia e de 19% em termos homólogos.

Para o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, “estes dados suscitam elevada preocupação e demonstram bem que, infelizmente, a tão desejada fase de retoma é neste momento ainda uma miragem e constituem, por isso, mais uma prova da necessidade de uma redobrada atenção e, fundamentalmente, de uma rápida atuação por parte das políticas públicas”.

Dado a atual situação a AEP reafirma a enorme importância das medidas de apoio à economia, nomeadamente o prolongamento do lay-off simplificado, considerando ser um “modelo que funcionava até agora” bem como outras medidas de apoio à enorme carência de liquidez das empresas portuguesas, “que passam por colocar no terreno as linhas de crédito com garantia do Estado já reforçadas, os seguros de crédito à exportação, várias medidas fiscais, bem como a realocação de verbas do Portugal 2020 para o tecido empresarial”.

“Não podemos esquecer que apoiar as empresas significa apoiar a criação de riqueza, a manutenção e criação de emprego e contribuir para uma trajetória mais sólida das contas públicas. Se nada se fizer – muito rapidamente – corremos um sério risco da próxima divulgação das contas nacionais trimestrais darem a conhecer dados ainda mais graves, simplesmente porque muitas empresas não conseguirão aguentar até lá”, relembra o presidente da AEP.

A associação apelou ainda à “implementação de uma política laboral flexível, que se adeque à dinâmica da atividade económica”. “Neste contexto, a prioridade de Portugal terá de se centrar, cada vez mais, no reforço do apoio à atividade empresarial”, vincou o organismo.

O PIB português caiu 16,5% no segundo trimestre do ano face ao mesmo período de 2019, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE). “Refletindo o impacto económico da pandemia, o PIB registou uma forte contração em termos reais no 2.º trimestre de 2020, tendo diminuído 16,5% em termos homólogos, após a redução de 2,3% no trimestre anterior”, pode ler-se numa estimativa rápida divulgada pelo INE.

No trimestre em que se registou a maior queda de sempre do PIB português em termos homólogos face ao ano anterior, a queda em cadeia – relativamente ao primeiro trimestre do ano – foi de 14,1%, adiantou também o INE.

De acordo com o instituto de estatística, o resultado registado face ao período homólogo de 2019, uma queda de 16,5%, “é explicado em larga medida pelo contributo negativo da procura interna para a variação homóloga do PIB, que foi consideravelmente mais negativo que o observado no trimestre anterior, refletindo a expressiva contração do consumo privado e do investimento”.

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