Como em todos os verões, rumarei ao Porto Santo, tesouro ainda desconhecido por muitos e que tem sido negligenciado por sucessivos responsáveis, estando praticamente na dependência de um turismo que, como agora se vê e era evidente, pode falhar.

Ultrapassada a questão dos preços exorbitantes pela passagem aérea (sendo que, em alguns momentos e por motivos que escapam à compreensão dos comuns mortais, é mais barato voar, por exemplo, para a República Dominicana do que para uma ilha que fica a hora e meia de Lisboa), restava-me a questão do teste à Covid-19.

Ora, o Governo anunciou com pompa e circunstância a realização de testes gratuitos à Covid-19 para passageiros para as ilhas, obviamente com vista a promover o turismo para as zonas que mais dependem dele. Em Lisboa, aparentemente, os mesmos são efectuados pelo CEDOC – Centro de Estudos de Doenças Crónicas, afecto à Universidade Nova de Lisboa, pelo que tratei de, seguindo as indicações, tentar proceder à dita marcação com mais do que a antecedência devida. Após três emails, dois envios de formulários e várias horas ao telefone em dois dias diferentes com um atendedor automático, vi-me obrigada a constatar que, não apenas não funciona, como nem resposta dão. A custo tive que recorrer ao privado.

Este exemplo destina-se apenas a demonstrar que vivemos num país de fantasia, em que as medidas anunciadas nunca são as que, afinal, são postas em prática. Foi assim com os lay-offs (e com os demais apoios prometidos à manutenção de emprego) e é assim, genericamente, com os serviços ditos públicos (a funcionarem, segundo se diz, por marcação só não se acrescentando quando é que a dita marcação ocorre).

Costa é um bom ilusionista e um melhor jogador, procurando fazer-nos crer que está tudo controlado, enquanto move as suas peças para se manter no poder. O problema é que, perante uma oposição completamente esfrangalhada, sempre que os cidadãos se vêem obrigados a recorrer a algo, o truque esbate-se e somos confrontados com um muro de silêncio (pelo menos de humanos porque de atendedores automáticos estão os serviços oficiais cheios) e com a total inoperância. Enquanto isso, percebemos que se invoca subtilmente a falta de dinheiro para dotar o sector público de meios que permitam eficácia nas respostas mas ainda não parámos de enriquecer quem gere os destinos, por exemplo, do Novo Banco.

Vergílio Ferreira escreveu que “o mais grave no nosso tempo não é não termos respostas para o que perguntamos – é não termos já mesmo perguntas”. A minha pergunta, neste momento, é para que caminho seguiremos quando o sol se esbater. É capaz de valer a pena pensar nisto, mesmo entre um mergulho e outro.