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Fundação La Caixa celebra 500 anos da viagem de Magalhães com veleiro em Lisboa

A Fundação La Caixa, em colaboração com o BPI, associou-se ao programa oficial de comemoração dos 500 anos da viagem de circum-navegação da Terra liderada por Fernão de Magalhães, com a presença no porto de Lisboa, na doca de Alcântara, do veleiro Íbero III. Já depois de ter estado em Sevilha , o Íbero III […]
18 Setembro 2020, 11h18

A Fundação La Caixa, em colaboração com o BPI, associou-se ao programa oficial de comemoração dos 500 anos da viagem de circum-navegação da Terra liderada por Fernão de Magalhães, com a presença no porto de Lisboa, na doca de Alcântara, do veleiro Íbero III.

Já depois de ter estado em Sevilha , o Íbero III atracou em Lisboa na passada segunda-feira, dia 14 de setembro, numa estada que termina hoje, dia 18 de setembro.

As próximas paragens do Íbero III serão em Valência, entre 28 de setembro e 2 de outubro, e em Barcelona, de 5 a 10 de outubro.

A bordo do Íbero II têm-se desenvolvido uma série de iniciativas e vistas de divulgação histórica, especialmente destinadas a estudantes.

A presença do Íbero III em Lisboa tem como objetivo contar como foi a primeira volta ao Mundo. No âmbito do V Centenário da Expedição Magalhães-Elcano, a Fundação ‘la Caixa’, através do programa ‘EduCAixa’ e em colaboração com o BPI, tem promovido nestes dias em Lisboa diversas sessões de divulgação histórica a bordo daquele veleiro, “numa perspetiva pedagógica e enfatizando os valores da vida do mar”, de acordo com um documento do ‘la Caixa’.

“Esta iniciativa enquadra-se na linha de ação de ‘Disseminação da Cultura e da Ciência da Fundação ‘la Caixa’. Uma das vertentes passa por apoiarmos projetos que nos são apresentados e se encaixam na prioridade de levar a cultura e a ciência próximo das populações. Elegemos todos os anos aqueles que nos parecem ter encaixe pela temática, pela relevância. Decidimos apoiar este projeto pelas características que tem e pela importância da vertente educativa. Esta temática de duas potências rivais que se juntam para fazer uma exposição que, ao fim ao cabo, ligou o Mundo, e que simboliza uma grande aventura e descoberta, alia-se à temática da vida a bordo, aos valores necessários para que uma tripulação se junte e faça um périplo desta natureza”, assinalou Maria João Cabral, diretora de Gestão Territorial da Fundação ‘la Caixa’ em Portugal, quando esta iniciativa foi apresentada à imprensa.

De acordo com o referido documento do ‘la Caixa’, as ações de divulgação itinerantes, organizadas por Ramón Jiménez Fraile, historiador e jornalista, “têm por objetivo dar a conhecer a expedição ao público escolar de duas maneiras: por um lado, mostrar as técnicas náuticas do século XVI e examinar mais aprofundadamente a aventura de explorar o mundo; e, por outro, enfatizar os valores da navegação, aplicáveis a qualquer âmbito: liderança, trabalho em equipa, cooperação e responsabilidade, respeito pelos companheiros e predisposição para ajudar em qualquer circunstância”.

“Prevê-se a participação de mais de três mil alunos nas atividades realizadas nas cinco escalas (Sanlúcar de Barrameda, Sevilha, Lisboa, Valência e Barcelona). Os monitores utilizarão material educativo para explicar o contexto histórico da expedição, a sua rota e os fatores que a motivaram”, adianta o documento do ‘la Caixa’ sobre esta iniciativa.

Como salienta Xavier Bertolin, diretor da Área de Ação Comercial e Educativa da Fundação ‘la Caixa’, esta “constitui uma oportunidade única para examinar o significado histórico de uma das aventuras mais emocionantes da Humanidade”.

Da Península Ibérica para o Mundo
Passaram 500 anos desde que a chamada ‘Expedição Magalhães-Elcano partiu de Sevilha, em agosto de 1519, para aquela que seria a primeira volta ao Mundo.

Cinco navios, 240 tripulantes e um único objetivo: chegar às ilhas Molucas, atual Indonésia, para certificar que o território em causa, abundante em especiarias e, portanto, gerador de fortes receitas para as coroas de Portugal e Espanha, se encontrava no teritório atribuído ao país vizinho, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, assinado entre os dois países a 7 de junho de 1494.

Conforme explica Ramón Jiménez Fraile, “as técnicas da época não permitiram demonstrar de forma inequívoca que as Molucas se encontravam no hemisfério espanhol (de facto, não se encontravam), mas o imperador Carlos V reivindicou o feito como espanhol”.

Além deste objetivo, a expedição de Magalhães partiu sem saber que viria a representar um marco na história da Humanidade, ao descobrir o Estreito de Magalhães, atravessar o Oceano Pacífico e a realizar a primeira volta ao Mundo.

Em paralelo, a expedição de Fernão de Magalhães foi um verdadeiro empreendimento multinacional: além de 139 espanhóis e de 31 portugueses, integraram-na 26 italianos, 19 franceses, nove gregos, cinco flamengos, quatro alemães, dois irlandeses e um inglês.

“Uma viagem que deveria seguir para Ocidente, mas sempre respeitando o Tratdo de Tordesilhas, o acordo assinado entre Portugal e Espanha que dividiu o Mundo em dois hemisférios. Foi nesta viagem que Fernão de Magalhães perdeu a vida, após realizar a primeira travessia do Oceano Pacífico, num combate com nativos nas Filipinas. No entanto, o basco Juan Sebastián Elcano assumiu o comando do navio depois de chegar ao arquipélago das Molucas, regressando a Sanlúcar de Barrameda três anos após a partida, tendo realizado assim a primeira volta ao Mundo”, adianta o documento da Fundação ‘la Caixa’.

A título de curiosidade, e para provar que o interesse nas ‘Ilhas das Especiarias’ tinha uma forte motivação financeira e empresarial, refira-se que as especiarias que Elcano trouxe das Molucas permitiram suportar os custos desta expedição, que, além disso, contou com o importante financiamento de Cristóbal de Haros, comerciante de Burgos.

 

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