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Presidenciais: Quem escolhe é o PS, não é nenhum membro do Governo, diz Pedro Nuno Santos

O ministro das Infraestruturas afirmou hoje que quem decide quem o PS apoia nas eleições presidenciais são os órgãos do partido, não é nenhum membro do Governo, e defendeu que não se deve confundir extremismo com coragem.
Pedro Nuno Santos
30 Setembro 2020, 17h00

Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas em Sines, distrito de Setúbal, depois de confrontado pelos jornalistas com declarações proferidas na véspera pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em entrevista à TVI, durante a qual elogiou o mandato do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e considerou que Ana Gomes não é um boa candidata presidencial para ser apoiada pelo PS.

Pedro Nuno Santos começou por responder que o seu sentido de voto será comunicado no momento em que o seu partido se reunir para discutir as presidenciais, “porque é aí que se vai decidir” – uma alusão à reunião da Comissão Nacional do PS marcada para dia 24 de outubro, ocasião em que os socialistas definirão o seu posicionamento face às eleições para a Presidência da República de 2021.

Perante os jornalistas, sem nunca tocar em nomes e situando as suas palavras em termos de perfil, Pedro Nuno Santos advertiu que não se deve “confundir extremismo com coragem”, porque “extremismo é uma coisa”, mas “coragem de dizer as coisas como elas são, de as afrontar, é outra completamente diferente”.

Pedro Nuno Santos disse também gostar “de gente, homens ou mulheres, com coragem e que nunca se enganem ao lado de quem têm que estar, do povo, dos trabalhadores, das famílias, e ter sempre a coragem para enfrentar aqueles que, em cima, foram mais ou menos fazendo o que sempre quiseram do nosso país”.

“Devemos premiar a coragem”, frisou o ministro das Infraestruturas e ex-líder da Federação de Aveiro do PS, advertindo em seguida, com um conjunto de recados para o interior do seu partido, que “as pessoas não servem para o PS para fazer umas coisas de vez em quando, serem eurodeputadas, serem candidatas à câmara municipal ou membros do Secretariado Nacional e, depois, de um momento para o outro, passarem a ser vilipendiadas porque não lhes dá jeito”.

Ainda na resposta à mesma pergunta sobre as posições preconizadas por Augusto Santos Silva em matéria de eleições presidenciais, o antigo líder da JS e ex-secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares fez ainda questão de salientar que “quem decide quem o PS apoia são os órgãos do partido”.

“Não é o Governo, não é nenhum membro do Governo, é mesmo o PS que decide quem é que apoia ou deixa de apoiar”, acentuou.

Mas Pedro Nuno Santos foi ainda mais longe: “Não se apoiar o Presidente da República em exercício não significa desconsideração, desrespeito, deslealdade. Vivemos numa democracia madura e era só o que faltava que as pessoas e os políticos ficassem chateados uns com os outros porque não tiveram o apoio deste ou daquele”, considerou.

No final de agosto, em entrevista ao semanário Expresso, o primeiro-ministro defendeu que os membros do Governo devem adotar uma atitude de recato em relação ao tema das eleições presidenciais.

Hoje, em Sines, o ministro das Infraestruturas argumentou não querer “ser o único” a falar sobre as eleições presidenciais, mas fez uma alusão indireta às recentes palavras de Augusto Santos Silva e ao anúncio por parte da ex-eurodeputada socialista Asna Gomes de que será candidata a Presidente da República.

“Temos de estar todos calados, mas a partir do momento [em] que temos um camarada a falar, outra camarada a candidatar-se, é tempo de o PS se reunir. E, como sou camarada dos dois, da candidata e de quem pretendeu fazer comentários, cá está o meu” comentário, disse.

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