Duas residências seculares e um antigo bairro operário do Porto vão transformar-se em 2021 na primeira unidade mundial ‘co-living’ Willa, uma ‘startup’ israelita para habitação de luxo, com espaços partilhados, para combater a solidão dos seniores.
“A [‘startup’ israelita] Willa quer dedicar-se à geração dos ‘empty nester’ (ninhos vazios), ou seja, quer agarrar a fatia da população com idades entre os 55 e os 75 anos, cujos filhos já deverão ter saído da residência, e propor-lhes uma alternativa no coração da cidade, com um novo modo de vida ou mesmo uma segunda vida”, explicou à agência Lusa Afonso Oliveira, um dos porta-vozes da empresa em Portugal.
O projeto de habitação de luxo em condomínio, com espaços comuns para partilhar entre os condóminos, tem um investimento total superior a 10 milhões de euros e está a ser edificado na Baixa do Porto a primeira unidade com um conceito de ‘co-living’, em que está previsto construir 39 apartamentos, designadamente T0, T1 e T2.
O objetivo é inserir os condóminos de meia-idade no centro da cidade e levar os habitantes locais a participar também no conceito ‘co-living’, usufruindo dos espaços comuns que o projeto vai ter como um restaurante aberto à comunidade.
A entreajuda, a partilhar de experiências e o combate à solidão são outras missões do projeto, avança Afonso Oliveira.
Acabar com a solidão das pessoas de meia-idade em tempos de coronavírus é o objetivo da Willa, defendeu Asaf Engel, cofundador da marca e diretor executivo da empresa, numa entrevista dada esta sexta-feira ao jornal israelita Israel 21 C, onde assume que antes da covid-19, a “maior epidemia do mundo era a solidão”.
A primeira unidade vai estar localizada na Rua Bonjardim, junto à estação de Metro da Trindade e à Avenida dos Aliados.
A obra, com licença camarária obtida em finais de 2019, está a decorrer em “grande ritmo” e deverá estar terminada em “outubro ou novembro do próximo ano de 2021”, se não houver contratempos devido à covid-19, estimam os investidores israelitas.
A obra, com 3.200 metros quadrados de construção, vai respeitar as “qualidades faciais, morfologia, volumetrias dos edifícios do século XIX”, porque a ideia foi “pegar nos edifícios e no bairro operário do início do século XX e trazer o edificado para o século XXI, exacerbando as suas qualidades”, refere Afonso Oliveira.
“Vão ser apartamentos de contratos de arrendamento de um ano, e haverá alguns apartamentos para períodos menores, de três a seis meses. Está projetado um restaurante, um espaço para aulas de yoga e pilates aberto também à comunidade, um espaço ‘lounge’ com cozinha e sala multiúsos com terraço no piso superior, e pátios interiores para uso exclusivo dos habitantes”, descreveu Afonso Oliveira.
A opção pelo Porto deve-se em parte à sua “fervilhante comunidade de expatriados de toda a Europa e também ao facto de o conjunto em causa, constituído por dois prédios e um bairro operário nas suas traseiras, ter todas as condições para se assumir como um projeto-bandeira da startup pelas suas qualidades espaciais e históricas únicas”, explicaram à Lusa os parceiros locais da Willa, Bárbara Costa e Afonso Oliveira.
A cidade do Porto vai ser a “bandeira” da primeira unidade com conceito ‘co-living’ Willa no mundo, mas a ‘startup’ pretende expandir-se na Europa estando à procura de espaços em Barcelona (Espanha), Berlim (Alemanha) e Londres (Reino Unido), destaca Afonso Oliveira.
Um dos requisitos para a expansão do negócio de ‘co-living’ é encontrar propriedades no “centro das cidades, junto aos equipamentos culturais, comércio, transportes públicos e proporcionar aos condóminos a possibilidade de viver num condomínio sofisticado, com zonas comuns que possibilitem a convivência com a população local
A ambição do fundador da Willa é transformar esta ‘startup’ no “primeiro unicórnio no mercado do co-living do mundo”. Asaf Engel acredita que a covid-19 veio “dar mais força” ao conceito ‘co-living’.
Fundada em 2019 por Asaf Engel, Shanny Peleg, George Vinter e May Shur, a Willa pretende suprir uma lacuna no crescente mercado do co-living ao oferecer às pessoas de meia-idade a oportunidade de viver em comunidade num contexto urbano e sofisticado.
A Organização Mundial da Saúde estima que em 2050, dos 9 biliões de pessoas a viver no planeta, 22% terão 60 ou mais anos (por comparação com os 12% de 2015).
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