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CaixaBank atribui preço alvo das ações do BCP para 14 cêntimos para 2021 e faz disparar cotação

Os analistas do CaixaBank/BPI elevaram a recomendação do BCP de “neutral” para “comprar”, estando o preço-alvo nos 14 cêntimos para o ano de 2021. Os analistas traçam elogios à performance do banco nos primeiros nove meses de 2020. Isto fez disparar a cotação das ações. O BCP está a subir +10,36% para 0,1137 euros.
João Relvas/Lusa
18 Novembro 2020, 16h34

Os analistas do CaixaBank/BPI elevaram a recomendação do BCP de “neutral” para “comprar”, estando o preço-alvo nos 14 cêntimos para o ano de 2021. Os analistas traçam elogios à performance do banco nos primeiros nove meses de 2020. Isto fez disparar a cotação das ações. O BCP está a subir +10,36% para 0,1137 euros.

“A potencial vantagem pode vir de melhorias da eficiência”, lê-se no research do banco sobre as ações do banco liderado por Miguel Maya.

O BCP tem surpreendido ao nível da evolução do rácio de crédito improdutivo sobre o total da carteira (NPE – Non Performing Exposure), diz o Caixabank.

“Apesar dos desafios colocados pela pandemia, o BCP conseguiu reduzir os seus NPEs em 13% nos noves meses. Ao mesmo tempo, o banco melhorou os níveis de cobertura e os rácios de capital”, lê-se no research assinado pelos analistas Carlos Peixoto e Sofía Barallat Bourgeois.

No futuro, com a moratória dos créditos (23% da carteira de empréstimos) com vencimento em 2021, o CaixaBank espera que o rácio de NPE do BCP em 2022 aumente dos 7% em setembro deste ano para 12,1% em Portugal e de 8% para 12% para o grupo.

Os litígios na Polónia relativos ao crédito hipotecário concedido em francos suíços permanece uma incerteza e esse é o ponto fraco do BCP para os analistas do Caixabank/BPI.

O que está em causa são pedidos de nulidade feito por cidadãos polacos aos tribunais na Polónia e que, nalguns casos chegou ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), relativos crédito para compra de habitação em francos suíços contraído em 2008. Quando o franco suíço valorizou face à moeda local, o zloty, a dívida aumentou. O BCP na Polónia já não concede créditos hipotecários em francos suíços desde 2008.

O CaixaBank releva esse tema na sua análise ao BCP. “O pior cenário para os potenciais riscos de litígio nas hipotecas em francos suíços do Bank Millennium sugere perdas líquidas potenciais de 530 milhões de euros atribuíveis ao BCP com impacto negativo de 115 pontos base no rácio CET1”, diz o BPI. No entanto, adiantam “esperamos que esse risco afete o banco de forma progressiva, mitigando o impacto nos lucros e nos rácios de capital (assumimos perdas totais equivalentes a 25% da exposição original do banco polaco ao crédito hipotecário em francos suíços, ao longo dos próximos 20 anos)”, refere o research.

O BPI diz ainda que “embora tenhamos aumentado as nossas estimativas de resultados por ação para o ano 2020 com base na redução das provisões, cortámos as estimativas de lucros por ação de 2021-24 em 13%, em média, principalmente por causa de quebra na rúbrica ‘outras receitas’ e por causa da subida do custo do risco de crédito. Isso foi compensado pela subida das estimativas de rácio de capital CET1 após a evolução recente melhor do que o esperado dos rácios de capital”.  No geral os analistas estimam um taxa de crescimento anual composta dos lucros por ação do BCP na ordem dos 3%  entre 2019 e 2023. Mas também preveem a uma rentabilidade medida pelo Return on Tangible Equity de 5% para 2023 e atribuem um Price Target de 0,14 euros para o ano de 2021.

Os analistas fizeram um upgrade da recomendação para “buy”, ou seja, recomendam agora a compra das ações BCP aos seus clientes.

O CaixaBank BPI espera que os resultados do BCP sejam pressionados nos próximos trimestres “por elevados níveis de provisionamento para lidar com a subida do NPE (malparado) e para reconstruir os níveis de cobertura”.

A margem financeira deve ser pressionada por taxas de juros baixas e por uma perspetiva lenta de evolução dos volumes de empréstimos, enquanto as receitas de comissões devem recuperar em 2021. “Os custos são uma fonte potencial de aumento nas nossas estimativas”, dizem os analistas.

Os desafios que se apresentam ao BCP parecem já estar reconhecidos no atual preço das ações do banco, dado que a ação é negociada a 0,28x PTBV (price-to-bookvalue) e a 0,17x o PTBV para as atividades portuguesas. “O nosso exercício de NAV (Net Asset Value) de mercado sugere uma subida de 45% para a ação”, diz o research.

Com queda de 49% no acumulado do ano, o BCP está atualmente em 0,28x PTBV o que se traduz num desconto face ao PTBV dos pares ibéricos.

“Ao retirar a participação de 50,1% no (cotado) Banco Millennium polaco, o banco está a negociar a 0,25x PTBV. Além disso, ao excluir as subsidiárias estrangeiras e o negócio de seguros, a atividade bancária portuguesa do BCP é negociada a 0,17x PTBV, um desconto de 53% e 77% em relação à média dos bancos domésticos espanhóis (excluindo Bankinter) e do setor europeu, respetivamente.

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