O valor das fusões e aquisições em Portugal cresce mais que nos vizinhos europeus e o valor das transações e do investimento estrangeiro aumentam, refere o relatório intitulado “Volume falls but value rises on Portuguese M&A in 2020”, publicado pela agência de informação financeira Mergermarket em parceria com a sociedade de advogados Cuatrecasas e a Marsh, líder mundial em corretagem de seguros e em gestão de riscos.
Em 2020, o maior negócio português de M&A até agora foi a aquisição de uma participação de 81,2% na Brisa-Auto Estradas de Portugal por um consórcio composto pelo National Pension Service, o APG Group e o Swiss Life Asset Management. A operação de venda da concessionária que era detida pela Jose de Mello SGPS e pela Arcus Infrastructure Partners, foi avaliada em 4,1 mil milhões de euros.
A análise revela ainda que o investimento estrangeiro em Portugal durante 2020 mostrou sinais contraditórios. Embora tenham ocorrido diversas operações de alto perfil, o número total baixou. Os investidores estrangeiros anunciaram 30 operações desde o início do ano até ao final de novembro, o que é abaixo das 53 anunciadas em 2019. Apesar disso, a soma dos valores transacionados atingiu os 6.900 milhões– o valor mais elevado desde 2014 e que cobre cerca de 90% do valor total de M&A no país este ano.
Segundo o estudo, Portugal revela melhores desempenhos em valor das operações de M&A do que muitos dos outros países europeus, com uma mão-cheia de operações de grande envergadura a terem sido anunciados em 2020. Por conseguinte, o valor deste ano representa o mais elevado no país desde 2014 e representa uma subida de 8,3% em relação ao total de 7.000 milhões transacionados ao longo de todo o ano de 2019.
O ano não foi fácil por causa da pandemia Covid-19, e, em linha com a tendência global em negócios de fusões e aquisições (M&A na sigla inglesa), Portugal enfrentou dificuldades este ano, com as empresas a suspenderem gastos de larga escala e as restrições às viagens a complicarem a logística das negociações, admite a Mergermarket em comunicado.
No que toca à atividade de private equity, em Portugal caiu significativamente em 2020, após um ano record em 2019. Até agora, tiveram lugar apenas oito buyouts no valor combinado de 1.200 milhões. Grande parte deste valor advém da transação que permitiu ao Partners Group tomar o controlo da empresa de agroquímica Rovensa por 1.000 milhões, salienta o estudo.
Não obstante, uma ligeira descida durante o verão, os movimentos de buyout em toda a Europa tiveram um desempenho notável e a expetativa é que sejam atingidos os 150.000 milhões de euros pelo terceiro ano consecutivo, conclui o relatório.
“Com bastante poder de fogo ainda disponível pelos investidores, é de esperar que a atividade de buyout continue a crescer em 2021″, revela o comunicado.
Jonathan Klonowski, Research Editor EMEA, Mergermarket refere na nota “Este ano Portugal passou por um período de suspensão da atividade de M&A, devido ao espoletar da pandemia de coronavírus e às subsequentes restrições que puseram alguns investimentos em pausa. Com o aumento de casos de infeção em toda a Europa, é provável que as novas restrições voltem a limitar a atividade de M&A nas últimas semanas de 2020 e no arranque do próximo ano. No entanto, o mercado pode estar prudentemente otimista de que o M&A vai retomar os níveis pré-Covid na sequência do desenvolvimento de vacinas.”
Por sua vez, Mariana Norton dos Reis, sócia de M&A e Private Equity, Cuatrecasas, referiu que “iniciámos 2020 com um pipeline muito forte e as PE a nível nacional e internacional estavam com boas expetativas relativamente às oportunidades de buyout em Portugal”, mas “a pandemia Covid reduziu a atividade de M&A porque algumas operações foram adiadas ou canceladas por os vendedores considerarem que seriam prejudicados pela situação do mercado, ou por os compradores terem de decidir sobre preço e condições em contexto de incerteza e de financiamentos mais caros, e ainda por alguns dos Targets estarem a com desempenhos abaixo da sua própria média. As sociedades de PE tiveram de dar prioridade aos seus portfolios”.
Mas mesmo tendo o volume de M&A decrescido significativamente em Portugal, o valor total atingido foi bem alto, sobretudo devido aos chamados “macro deals” nos setores das infraestruturas, (venda da Brisa) e agroquímica (compra da Rovensa). É bastante excecional que existam no mercado português transações acima de 1.000 milões, ainda para mais num ano como este e mais do que uma!”, admite a advogada.
Por fim, Rodrigo Simões de Almeida, CEO, Marsh Portugal, defendeu no comunicado que “o investimento estrangeiro vai continuar a ser o catalisador mais relevante no mercado transacional em Portugal. Ao olharmos para a lista das maiores operações cujo valor foi tornado público, oito em dez foram levadas a cabo por investidores internacionais, a que corresponde cerca de 95% do volume dessas transações”.
“É também de notar que o volume de dry powder detido por fundos de private equity (que se estima ser acima dos 1.500 milhões de dólares) e os planos de rotação de ativos desenvolvidos por investidores estratégicos (em particular nos sectores da energia) poderão ter um impacto positivo no número e volume de operações em Portugal no próximo ano”, conclui.
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