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Lime. Duas crises que deram entrada na cidade mais fechada às trotinetes

Apesar de uma acentuada quebra na procura, a Lime aproveitou para perceber as cidades em que o projeto não funcionava, e posteriormente pensou que a pandemia “foi a oportunidade ideal para procurar mais cidades”, disse Wayne Ting, CEO da Lime.
2 Dezembro 2020, 18h28

Wayne Ting tomou as rédeas da empresa em maio de 2020, tornando-se o terceiro CEO da Lime em pouco tempo, enfrentando assim “uma crise dentro de uma crise” como afirmou Steven Levy da Wired na introdução do seu entrevistado.

Ao enfrentar uma remodelação dentro da empresa simultaneamente com uma pandemia, Wayne Ting apontou que no primeiro mês após a onda, a procura pelas trotinetes e bicicletas elétricas da Lime diminuiu 95%, uma vez que os cidadãos continuavam recolhidos nas suas habitações com receio do vírus.

“A indústria sofreu bastante”, disse Ting a Levy na sua intervenção nesta Web Summit completamente digital. No entanto, e apesar de algum descrédito de que estas empresas têm atravessado desde o início da sua criação, o atual CEO acredita que as trotinetes e bicicletas elétricas “são o modelo de transportes para quem tem receio de contrair o vírus nas suas deslocações diárias”.

Apesar de uma acentuada quebra na procura, a Lime aproveitou para perceber as cidades em que o projeto não funcionava, e posteriormente pensou que a pandemia “foi a oportunidade ideal para procurar mais cidades, especialmente focando-nos na infraestrutura atual dos transportes” nessas mesmas cidades, apontou Ting.

É público que existem cidades que não são fãs deste tipo de mobilidade, mas com os sistemas de transportes tão fixos e sem capacidade de inovação em tempos de pandemia, a Lime aproveitou para aproximar-se destas cidades, como foi o exemplo do Reino Unido. Com uma lei nacional que proibia a entrada das empresas de micromobilidade no país, a pandemia levou o governo de Boris Johnson a repensar o sistema de transportes e legalizou estas empresas no país.

De acordo com Wayne Ting, o primeiro-ministro britânico chegou a visitar o armazém da empresa e foi o primeiro chefe de Estado a andar numa trotinete e a vestir uma camisola da Lime.

Outro tópico na conversa entre Levy e Ting foi o investimento de 170 milhões de dólares (140,6 milhões de euros) da Uber na Lime, quando a Uber criou a sua própria trotinete elétrica para entrar no mercado: a Jump. Um facto trazido a público por Levy é que o atual CEO da Lime já trabalhou para a Uber. Ainda assim, “não fui eu que trouxe a Uber até à Lime, e não influenciei o negócio”, disse no painel.

Wayne Ting sustentou ainda, durante a conversa, que foi de facto a Uber a iniciar o processo “quando percebeu que a Lime detinha grande parte dos mercados onde se encontravam”.

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