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APDL lança o primeiro porto seco a 200 quilómetros do mar

A ideia é simples: escolher localizações que aproximem as empresas do interior do Porto de Leixões. O primeiro pode surgir já no próximo ano na Guarda. Um seminário esta quinta-feira explica tudo.
10 Dezembro 2020, 07h40

A APDL (Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo) organiza esta quinta-feira um seminário na cidade da Guarda onde vai explicar não só o que é um porto seco, mas também porque é que escolheu a cidade – que fica na Serra da Estrela, a cerca de 200 quilómetros do espelho de água do Porto de Leixões – para acolher a primeira estrutura nacional do género.

O conceito é, apesar de tudo, simples: os portos secos são hubs interiores que funcionam como terminais de transbordo, entrega e receção de mercadoria e respetivos serviços aduaneiros; é um terminal intermodal afastado do mar, normalmente posicionado em regiões do interior, ligado a um porto marítimo por via férrea, rodoviária ou fluvial.

Nuno Araújo, presidente do conselho de administração da APDL, disse, em entrevista exclusiva ao JE, que a ideia dos portos secos é de algum modo a de transferir para um determinado local todos os serviços que o Porto de Leixões coloca ao dispor das empresas. “Reunimos por isso com empresas, municípios, Infraestruturas de Portugal, com a diretora-geral da Autoridade Aduaneira e até com a AICEP” para escolher o local certo para lançar a primeira infraestrutura do género em Portugal.

“Temos reunidas as condições para tornar realidade já no próximo ano a primeira estrutura do género em Portugal”, que surgirá junto à estação de caminhos de ferro da Guarda (mais propriamente em Guarda Gare) e “obrigará a um investimento próximo dos dois milhões de euros” para colocar o terreno em condições de receber os interessados.

A nova estrutura encerra várias valias. Desde logo, permite desanuviar a pressão sobre o Porto de Leixões – a infraestrutura portuária mais usada pelos importadores e exportadores do norte do país. Em segundo lugar, explica Nuno Araújo, “permitirá às empresas que usem o porto seco uma poupança da ordem dos 15% na logística associada às suas operações”. Depois, a colocação estratégica na Guarda permite motivar os operadores espanhóis (que estão do outro lado da fronteira e a centenas de quilómetros do ‘mar espanhol’) a usarem o Porto de Leixões. E finalmente, enfatiza Nuno Araújo, contribuirá também para a diminuição da pegada ecológica da responsabilidade do Porto de Leixões.

Mas esta última questão terá ainda que esperar por melhores dias: é que a linha ferroviária da Beira Alta vai entrar em obras, pelo que é possível que, nos primeiros tempos de operação do porto seco da Guarda, as ligações com Leixões tenham obrigatoriamente que usar a rodovia.

Nuno Araújo adiantou ainda que a APDL já está à procura de outras geografias para a posterior localização de outras infraestruturas similares em regiões que revelem ter massa crítica necessária e suficiente para as suportarem.

As intervenções do seminário estarão a cargo do presidente da câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, do diretor geral da YILPORT Leixões, Nuno David Silva, e do administrador do Terminal de Carga Geral e Granéis de Leixões, Urbano Gomes, para além do próprio Nuno Araújo, que se esforçarão por criar um novo paradigma: se a montanha não vai ao mar, vai o mar à montanha.

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