O ano que agora entra será por definição um ano de estabilidade governativa. 2017 termina estável apesar dos desempenhos e das tragédias. Não obstante as tensões na maioria parlamentar à esquerda, onde todos vão demonstrar a sua oposição ao poder instituído, ninguém quer pagar o preço de qualquer instabilidade.
O PCP irá endossar a responsabilidade das posições de rutura aos sindicatos liderados pela CGTP. E o desafio de Costa será a de gerir as provocações como a da Autoeuropa.
O BE já não esconde a sua ambição de chegar ao governo. E sabe que a forma de efetivar o seu poder passa da fase de influência para o seu exercício efetivo. Esta é a meta para 2019 que passa por construir uma maioria parlamentar com o PS. Este será um dos maiores problemas do PS nas próximas legislativas.
Independentemente de quem vier a ser o novo presidente do PSD, a forma de lidar com este será crucial para ultrapassar alguns dossiês estruturais. O PSD após o seu congresso de fevereiro, com uma estratégia diferente, será sempre o partido da alternativa e não da submissão e, esperemos, o bloco central mais distante.
Em 2017, as circunstâncias da governação correram bem ao primeiro-ministro. Novos ares sopraram da europa e os resultados no défice, a economia, o desemprego forma positivos. O que resultou na saída do procedimento por défice excessivo, a reclassificação das agências de rating e – cereja em cima do bolo – a eleição do Ministro das Finanças como presidente do Eurogrupo. Mas tal traz responsabilidades acrescidas ao governo e obriga a atenção redobrada em termos internos e juntos dos parceiros europeus.
Os desafios da governação estarão presentes em domínios como a Saúde e a Educação. A exigência de maior investimento podem colidir com a recente prática de cativações de controlo de despesa. E conseguirá o primeiro-ministro chegar ao fim deste ano sem remodelar ou, pelo menos, substituir alguns governantes em declínio ou cansados? Há claros sinais de esgotamento político que podem enfraquecer o governo em áreas vitais.
Os alertas de contenção eleitoralista não podem ficar sem um sublinhado especial para este ano. As tentações esbarram nas previsões de abrandamento da economia e os resultados finais influenciaram o ano seguinte.
O principal e definitivo desafio será aquando da aprovação do orçamento para 2019. Aqui se vão cruzar as estratégias e responsabilidades de todos os que vão disputar as eleições legislativas. Sem esquecer que me Maio de 2019 haverá eleições europeias, teste final e antecipado às eleições em Outubro seguinte.
O ano apesar de previsivelmente estável será o mais difícil de toda a legislatura para António Costa. Finalmente terá de fazer o mais difícil: governar para fazer crescer o país, sem obstáculos eleitorais ou desculpas externas. É o tempo de desafios sistemáticos em ano de verdade.