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Como monitorizar a economia americana?

Mesmo com a procura da economia americana a regressar mais rápido do que a oferta, é normal que a primeira influencie a segunda positivamente. Se isso acontecer e os salários reais não saírem afetados, é até possível que a tendência de crescimento das principais variáveis económicas acabe por ser, a médio-prazo, superior às taxas observadas antes da pandemia. Existem, no entanto, diversos fatores que podem afetar um desfecho risonho e que devem ser então monitorizados com a devida atenção.
22 Julho 2021, 07h10

Nos últimos meses, o aumento do consumo dos norte-americanos bem como o forte crescimento do investimento das suas empresas levaram a uma subida significativa da procura agregada para níveis próximos dos pré-pandémicos. Curiosamente, isto acontece numa altura em que muitos trabalhadores estão ainda desempregados e onde o aumento da produtividade não é suficiente para pôr as empresas a produzir tanto quanto a própria economia realmente precisa – como resultado as importações tiveram de aumentar e essa falta de oferta existente levou também a uma redução dos inventários do tecido empresarial americano.

A realidade é que tanto a procura como a oferta têm crescido substancialmente ao longo dos últimos meses, não sendo isso surpreendente uma vez que a base de partida é uma economia com as portas fechadas. Uma questão central que é importante compreender é qual dos dois tenderá a crescer mais rapidamente e de que maneira poderá isso afetar o crescimento económico. Existem, por isso, alguns temas que vale a pena seguir de perto de forma a compreender a evolução dessa trajetória:

  • Compreender o nível atual da procura quando comparada com os níveis pré-pandemia. Vários fatores têm estado a contribuir para o seu crescimento onde a diminuição do número de casos, aumento da vacinação, poupanças acumuladas e aumento dos salários são apenas alguns deles. O atual nível da procura já está próximo desses níveis e tudo indica que se assim continuar, irá provavelmente ultrapassar a tendência anteriormente observada;
  • Observar o crescimento da oferta para entender se as importações e os inventários existentes conseguirão fazer face à procura existente. Há um limite para o quanto estas duas variáveis podem suportar a procura podendo isso afetar os preços dos bens/serviços e consequentemente o comportamento da oferta e da procura;
  • É importante monitorizar a evolução do mercado laboral. As previsões aqui apontam maioritariamente para um elevado desemprego durante os próximos dois anos, pelo menos consideravelmente acima do seu nível potencial de 3%. No entanto, é expectável que o emprego aumente nos próximos meses, à medida que a pandemia recua e os subsídios de desemprego reforçados são retirados;
  • O progresso da produtividade e como poderá ser afetada pelo retorno de trabalhadores à força de trabalho. Normalmente pessoas que se mantêm desempregadas por algum tempo, tendem a perder faculdades e podem por isso revelarem-se menos produtivas, reduzindo os níveis médios de produtividade da economia. O seu crescimento pode ser importante para acompanhar a procura adicional, mesmo que o emprego não regresse rapidamente;
  • Impacto dos desequilíbrios entre a oferta e a procura no nível atual de preços. Se a oferta não seguir um ritmo igual ou superior ao da procura, pode pôr uma pressão maior nos preços. Acompanhar a potencial reabertura de cadeias de abastecimento internacionais revela-se também importante na monitorização da inflação.

 

Mesmo com a procura da economia americana a regressar mais rápido do que a oferta, é normal que a primeira influencie a segunda positivamente. Se isso acontecer e os salários reais não saírem afetados, é até possível que a tendência de crescimento das principais variáveis económicas acabe por ser, a médio-prazo, superior às taxas observadas antes da pandemia. Existem, no entanto, diversos fatores que podem afetar um desfecho risonho e que devem ser então monitorizados com a devida atenção.

 

 

 

 

 

Frederico Aragão Morais
Senior Market Analyst na Qaestum Capital

 

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a Qaestum Capital.

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