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IVA aplicado ao imobiliário afasta investidores e empresas

Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE, admite que, apesar do regime do IVA aplicado ao imobiliário, ser um autêntico quebra-cabeças, Portugal vai continuar a atrair investidores e empresas.
Cristina Bernardo
25 Janeiro 2018, 06h50

Portugal é neste momento um mercado alvo prioritário para investidores, empresas e pessoas que querem viver no nosso país. Este fenómeno tem tido um impacto muito concreto e significativo nas necessidades de imobiliário, seja para investir, seja para utilizar. É esta a opinião de Francisco Horta e Costa, diretor-geral da consultora CBRE, revelando que 2017 foi o melhor ano de sempre para a consultora CBRE, que registou um incremento no volume de negócios de 22% relativamente a 2016.

“Durante o ano de 2017 ultrapassámos a fasquia de 1 milhão de metros quadrados sob gestão e transacionámos mais de 500.000 m2, entre vendas e arrendamentos”, admite. Horta e Costa lembra ainda que a consultora assessorou transações que representam um valor superior a 600 milhões de euros e mais de 115 imóveis, sendo que o maior negócio que realizou “foi a venda do portefólio de rendimento da Silcoge a um fundo imobiliário da Explorer, criado também com a nossa ajuda, por um valor superior a 150 milhões de euros”. Outra grande operação que realizou foi a venda do portefólio da Tranquilidade a um consórcio liderado pela Norfin, que junta um investidor norte-americano e um fundo de pensões alemão. Também assessorou a CGD na venda de quatro edifícios, um residencial e três de escritórios, com um valor agregado de cerca de 77 milhões de euros.

Sobre o atual estado do mercado imobiliário, o diretor-geral da CBRE salienta que, no caso dos escritórios, há necessidade de mais e melhor oferta que vá ao encontro das exigências da procura existente – como é o caso de empresas multinacionais que procuram áreas grandes, com bons acessos e edifícios apelativos que motivem os seus colaboradores a irem para lá trabalhar. “Quanto ao setor residencial, é gritante a necessidade de casas a preços enquadráveis no poder de compra da família portuguesa de classe média, o qual não poderá exceder os três mil euros por metro quadrado, na melhor das hipóteses”, alerta.

Para este ano, Francisco Horta e Costa adianta que, com a ressalva de eventuais “terramotos” políticos ou geoestratégicos, e desde que o quadro fiscal se mantenha inalterado – uma vez que ainda não deveremos assistir a subidas nas taxas de juro –, “as perspetivas para este ano são muito boas. Os setores tradicionais deverão manter uma performance muito positiva, com a ajuda do incremento do financiamento bancário, agora que o sistema financeiro português se encontra mais estabilizado”.

O responsável prevê ainda que haja cada vez mais investidores a quererem vir para Portugal, assim como empresas interessados em instalar aqui grandes centros de investigação, excelência, back-office, near-shoring, etc. “Perspetivamos um crescimento grande de espaços de trabalho flexíveis como os coworks e de espaços híbridos ou aceleradores/incubadoras de empresas, como consequência da expansão da economia digital baseada em telemóveis e da evolução tecnológica em geral”, explica.

Outra tendência clara, na opinião de Horta e Costa, é o crescimento das residências de estudantes e a sua profissionalização em Portugal, com a entrada de grandes operadores internacionais, em virtude do aumento exponencial do número de estudantes estrangeiros.

Para o diretor da CBRE é igualmente necessário que o Governo aprove um regime de REITs (os famosos Real Estate Investment Trusts), à semelhança do que já existe a funcionar em pleno na vizinha Espanha, copiando o que está feito e que comprovadamente funciona. “Outra coisa que deveria ser mexida é o regime do IVA aplicado ao imobiliário, que é um autêntico quebra-cabeças para qualquer pessoa e que afasta investidores e empresas”, conclui.

Entrevista publicada na íntegra edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão

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