A decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região sobre o recurso interposto por Lula da Silva foi unânime. O coletivo agravou a pena. Assim sendo, como um eventual embargo à declaração dificilmente surtirá efeito, a decisão definitiva, a cargo do Supremo Tribunal de Justiça, não demorará. Tal como a ordem de prisão efetiva de Lula. Algo que o próprio já admite como provável e que deixará o Partido dos Trabalhadores (PT) órfão na corrida presidencial.
Aliás, talvez seja oportuno lembrar que a atual decisão da justiça só diz respeito a um processo. Outros estão na calha. Tal como a possibilidade de novas condenações.
Quanto à prisão de Lula, só não ocorreu mais cedo devido ao alarido social que provocaria se tivesse acontecido na sequência da decisão do juiz Sérgio Moro. O PT é um partido populista e, como tal, tem facilidade em trazer para a rua todos aqueles que ainda não perceberam – ou fingem não querer ver – que o populismo se serve do povo em vez de o servir.
Uma realidade que, na América Central e do Sul, é quase centenária. Exemplos não faltam: Cárdenas no México, Perón e o casal Kirchner na Argentina, Chávez e Maduro na Venezuela, Rojas na Colômbia, Vargas e Goulart no Brasil…
A História já identificou a estratégia do líder populista quando chega ao Poder. Assim, começa por controlar a comunicação social para garantir o mediatismo de ações destinadas a colher junto das camadas mais desfavorecidas da população. Entretanto, a coberto das paredes dos gabinetes, a nova elite restrita vai tecendo o novelo que lhe permitirá fartos proventos. Uma estratégia a que não são alheios os grandes grupos económicos. Aqueles que o populismo identifica publicamente como a elite responsável pela exploração do povo.
O importante é que as camadas sociais mais baixas não se apercebam do conluio e continuem a idolatrar o chefe. Que considerem como ofensa a si as acusações de corrupção e de lavagem de dinheiro feitas ao líder. Que julguem os juízes e os sentenciem como alguém ao serviço dos grandes interesses nacionais e internacionais.
Uma massa acrítica e ainda abundante. Basta recordar que Lula deixou a presidência em 1 de janeiro de 2011 e, nesse ano, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, havia 22 milhões de brasileiros que, apesar de beneficiarem do Programa Bolsa Família, continuavam em extrema pobreza.
Quanto à elite que usufruiu do sistema, sabe bem a missão que lhe está confiada no momento atual. Por isso, coloca em causa as instituições. Incendeia a opinião pública através da opinião publicada. Chega mesmo a falar de uma Democracia em estado de suspensão. Tudo na tentativa de esconder o passivo populista. A fase da ética camarada. Aquela que tudo justifica na gestão da res publica.
O lulismo não terminou no final do mandato de Lula. Virou polvo. Na capacidade de disfarce. No poder envolvente dos tentáculos. Felizmente no Brasil já existe uma cidadania mais esclarecida. O Estado de Direito agradece. Ao contrário do populismo.