No espaço de poucas semanas PSD e CDS irão a votos nas suas reuniões magnas. A expectativa é grande relativamente às estratégias destes partidos para os próximos desafios eleitorais. O desnorteio que Assunção Cristas tem revelado na dinâmica de uma oposição que se esperaria construtiva, responsável, frontal e dialogante, abre caminho, se a liderança no CDS se mantiver, a que Rio conquiste o eleitorado que tradicionalmente vota ao centro.

O CDS tem uma oportunidade histórica para tomar a dianteira da oposição em Portugal e deve firmá-la com um novo líder, antes que o PSD assuma esse papel. O objetivo central do presidente do CDS deve ser contribuir de forma decisiva para uma mudança de Governo, e criar condições enquanto tal não acontece para pactos de regime em áreas estruturais. O CDS deve ter a ambição que nunca teve: ser Governo. Mas para isso, é fundamental criar no eleitorado a convicção de que o CDS tem condições para o alcançar. Como? Controlando a agenda política e antecipando-se nessa matéria ao PSD.

O caminho passa por uma afirmação eleitoral inequívoca de um CDS independente e autónomo de qualquer outra força política nas próximas eleições europeias, legislativas e autárquicas. Urge o seu reposicionamento no espetro, reafirmá-lo ao centro, e torná-lo finalmente num grande partido democrata-cristão interclassista, à semelhança do que acontece com a maior parte dos partidos democratas-cristãos na Europa e no mundo, como é o caso da CDU na Alemanha.

O CDS tem de ser capaz de liderar todo o espaço do centro-direita em Portugal, tornando-o mais plural, como acontece hoje com a esquerda, e disputando eleitoralmente esse espaço com o PSD. Tem de recuperar a matriz ideológica e personalista, construindo pontes com a sociedade civil, os independentes, os movimentos sociais, cívicos e de cidadania, sem sectarismos ideológicos, e num espírito de diálogo, inclusivo e de respeito pelas diferenças.

A afirmação dos centristas passa por um líder, por um projeto e por verdadeiras soluções para os portugueses. Sem coerência, sentido de Estado e com desvios de oportunismo político não vai ser possível construir uma dinâmica de sucesso. Tal como esta dinâmica também estará comprometida enquanto os atuais dirigentes do partido não interiorizarem o institucionalismo a que as suas funções obrigam num quadro de defesa da imagem e da credibilidade do mesmo.

Num cenário político inédito controlado pelo PS, cujas previsões apontam para a continuidade, é tempo de construir um plano de acção, porque uma oposição impulsiva e que se faz de momentos não criará a alternativa na qual os portugueses possam verdadeiramente acreditar. Aguardemos, então.