A Comissão Europeia mudou o estatuto que atribui à economia portuguesa, no Pacote de Inverno do Semestre Europeu. Assim, Portugal passou a ser monitorizado por desequilíbrios macroeconómicos, um grau acima do anterior patamar de “desequilíbrios macroeconómicos excessivos”, devido a um conjunto de fatores.
“Há progressos muito substanciais em Portugal, na tendência que o país segue, mas ainda há esforços a fazer. Portugal continua em desequilíbrio”, afirmou o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, em conferência de imprensa. Em comparação com a primavera, Bruxelas viu alterações nos seguintes parâmetros:
A Comissão viu “progressos limitados” na estratégia portuguesa pela consolidação orçamental, em linha com os requisitos do braço preventivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento, tendo em conta “a necessidade de reforçar a retoma em curso e assegurar a sustentabilidade das finanças públicas de Portugal”. Já sobre os esforços para a alargar a revisão das despesas, Bruxelas viu “alguns progressos” pois a poupança resultante da revisão da despesa em 2018 são mais ambiciosas que o esperado. Houve alguns progressos na sustentabilidade do sistema de pensões e limitados na sustentabilidade financeira das empresas públicas.
Ao nível laboral, a Comissão recomenda ainda a promoção da contratação através de contratos sem termo, bem como a revisão do enquadramento legal. Desde a primavera, houve progressos limitados neste campo, mas alguns progressos na ativação efetiva de desempregados de longa duração e nos desenvolvimentos sobre o salário mínimo nacional. Bruxelas aconselha que Portugal continue o trabalho com os parceiros sociais ao nível do rendimento, com atenção ao trabalho de baixas qualificações.
Alguns progressos na limpeza das folhas de balanço dos bancos, através da implementação de estratégias como a promoção do acesso ao mercado secundário de ativos em incumprimento, não chegam ainda para o malparado deixar de ser um problema. Bruxelas diz que Portugal deve “reforçar os esforços para limpar as folhas de balanço das instituições de crédito”. Sobre o acesso a financiamento, houve também algumas melhorias, em particular para startups e pequenas e médias empresas.
Os progressos na implementação de um plano de redução do “fardo administrativo” para o Estado e na redução de “barreiras regulatórias” foram limitados no ano passado. Por outro lado, Bruxelas viu algumas melhorias no aumento da eficiência das insolvências e procedimentos tributários.
Bruxelas está mais otimista sobre Portugal
Apesar de manter recomendações, um procedimento normal, a Comissão Europeia mostrou-se mais otimista em relação ao país. Além de ter revisto o grupo em que Portugal se inclui, a instituição referiu que “a economia portuguesa continua a recuperar tanto em termos de crescimento como emprego”.
Após um crescimento do produto interno bruto (PIB) de 2,7% em 2017, acima dos 1,5% em 2016, a Comissão estima que uma expansão da economia portuguesa de 2,2 % este ano e de 1,9 % no próximo, resultado de um esbater dos efeitos cíclicos positivos.
“Receitas mais elevadas e taxas de juro mais baixos permitiram uma redução adicional do défice, enquanto o défice estrutural mantém-se de forma geral estável”, acrescentou. “O ciclo económico favorável, em conjunto com a redução de pagamentos de juros permitiria que a redução no défice estrutural assegure a sustentabilidade orçamental positiva a médio prazo. No entanto, falta ambição ao plano de ajustamento estrutural”.
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