Tendências de mercado apontam para a importância crescente do comércio eletrónico, a “uberização” de várias atividades logísticas, a emergência da economia circular e maiores exigências de transparência por parte dos consumidores.
Do lado da tecnologia, assiste-se à adoção crescente de várias inovações nos equipamentos (veículos autónomos, robots, “co-bots” e drones) e nas soluções digitais (sensores, big data analytics, “blockchain”). Estas tecnologias permitem enormes ganhos de eficiência e eficácia na circulação física dos materiais, bem como a geração de informação acionável e partilhável entre os participantes da cadeia de abastecimento.
No seu conjunto, estas tendências levam à evolução do modelo de “cadeia” de abastecimento – no qual os materiais e informação circulam de forma linear e sequencial entre o fornecedor de matérias-primas, fabricante, distribuidor e consumidor – para um modelo de “rede” de abastecimento, no qual os materiais e informação circulam em vários sentidos, com visibilidade e comunicação entre os vários tipos de participantes, e no qual modelos de colaboração são facilitados.
Assim, vemos hoje fabricantes a vender diretamente a consumidores, clientes a comprar a várias empresas numa só transação (através da mesma plataforma), e até concorrentes partilhar entre si capacidade de armazenagem e transporte para determinada geografia.
As implicações são significativas. Retalhistas tradicionais em risco de desintermediação. Fabricantes a repensar o modelo de abastecimento de ponta a ponta, recorrendo a uma rede alargada de parceiros logísticos. Mas sobretudo uma transformação profunda no setor logístico.
No setor logístico, a transformação irá verificar-se a quatro níveis: nos modelos de negócio (risco de desintermediação para os “brokers” e maior necessidade de colaboração em rede), nos investimentos (repensar ativos imobiliários e os equipamentos), nos processos (digitalização de processos “core”, como o planeamento de rotas e cargas, que deixará de poder ser manual), e na relação com os clientes (em que uma maior proximidade é crítica para minimizar riscos de “comoditização”).
A evolução para um modelo de rede de abastecimento irá colocar desafios importantes às empresas do setor logístico, levando a que este seja um dos setores mais interessantes de acompanhar nos próximos tempos.