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Novo Banco apresenta hoje os piores resultados de sempre

Os últimos números situam os prejuízos nos 1.300 milhões de euros, e o valor a ser imputado ao mecanismo de capitalização contingente do Fundo de Resolução no âmbito das imparidades constituídas aos ativos que estão sob alçada desse mecanismo, é de 800 milhões de euros.
Rafael Marchante/Reuters
28 Março 2018, 07h35

O Novo Banco vai apresentar publicamente os seus resultados de 2017, os primeiros desde que foi vendido em 75% ao Lone Star, nesta quarta-feira ao fim do dia.

Tal como foi avançado na edição de 9 de fevereiro pelo Jornal Económico, a instituição, por imposição do supervisor (BCE) reforçou muito as provisões no último trimestre, o que levou a um prejuízo recorde superior aos mil milhões de euros obtidos em  2015.

O Eco deu ontem os números depois de estarem fechadas as contas. Segundo o jornal online, os últimos números situam os prejuízos nos 1.300 milhões de euros, e o valor a ser imputado ao mecanismo de capitalização contingente do Fundo de Resolução no âmbito das imparidades constituídas aos ativos que estão sob alçada desse mecanismo, é de 800 milhões de euros. O Jornal Económico confirmou com uma fonte que os valores que serão apresentados hoje andam próximos desses números.

Este prejuízo é um valor histórico do banco de transição que saiu do BES e que foi criado a 3 de agosto de 2014. Em 2015, o prejuízo do banco foi o reflexo do elevado nível de provisionamento, essencialmente para crédito a clientes, títulos e imóveis (que nesse exercício atingiu os 1.054,4 milhões de euros).

Entre os ativos com elevado provisionamento está a GNB Vida, cujas ofertas em cima da mesa no processo de venda em curso, estão abaixo do valor registado no balanço do Novo Banco.

O mecanismo de capitalização contingente, com um valor total de 3,89 mil milhões de euros serve para suportar as perdas que sejam resultado de imparidades aplicadas aos ativos que estão sob alçada desse mecanismo do Fundo de Resolução. Assim, esta entidade pública vai ser chamada a repor os rácios de capital do Novo Banco, consumidos pelos números negativos de 2017, se descerem abaixo de determinado valor (rácio de CET 1 abaixo de 12,5%).

Segundo o Eco, cerca de metade destes 800 milhões de euros virá diretamente do Fundo de Resolução, que recorrerá aos fundos que tem disponíveis. A outra metade chegará por via de um empréstimo que o Tesouro fará ao Fundo de Resolução, tal como está previsto na legislação.

Este valor que vai ser emprestado ao Fundo de Resolução pelo Estado está dentro dos limites orçamentais previstos.  O Orçamento do Estado para 2018 prevê a utilização de 850 milhões de euros para este fim, tendo em conta que este é o limite máximo que pode ser emprestado anualmente pelo Estado ao Fundo de Resolução, segundo o acordo-quadro assinado.

Lesados do BES contra acordo de reembolso do Estado que só garante 30% do montante

Um grupo de lesados do antigo Banco Espírito Santo (BES) protestou esta terça-feira no Porto contra o Governo. Os lesados do papel comercial do BES dizem que estão a ser alvo de um segundo roubo, segundo a RTP/Lusa. Em causa está um acordo que o Novo Banco propõe para o pagamento de 30% do dinheiro que perderam mas que não garante o pagamento do valor restante.

A informação foi adiantada à Lusa por António Silva, um dos lesados do papel comercial vendido pelo antigo BES e dos organizadores do protesto agendado para o período entre as 11h e as 15h na Avenida dos Aliados, junto às instalações do Novo Banco e do Banco de Portugal.

“Vamos protestar contra o Governo, que no fundo foi quem ficou com a provisão que garantia que existia dinheiro para nos pagar a totalidade do investimento, e contra as associações que foram criadas para defender todos os lesados e lutar pela totalidade do capital e não foi isso que aconteceu”, descreveu António Silva.

A solução encontrada (entre a associação de lesados, Governo, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, Banco de Portugal, BES ‘mau’ e Novo Banco), no final de 2016, para estes lesados propõe que recuperem 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros. Já acima desse montante, irão recuperar 50% do valor.

Quanto ao pagamento, será feito pelo fundo de recuperação de crédito, devendo esse pagar 30% da indemnização aos lesados (cerca de 140 milhões de euros) logo após a assinatura do contrato de adesão à solução. O restante valor será pago em mais duas parcelas, de futuro (2019 e 2020). Os lesados dizem que essas outras parcelas não têm garantia do Estado e como tal podem ser perdidas. Portanto os lesados estão contra um acordo que só garante 30% do reembolso.

(atualizada)

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