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Alunos de Motricidade Humana tentam evitar fecho dos cursos de Dança e Ergonomia

Os alunos das licenciaturas de Dança e Ergonomia na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (ULisboa) fazem na quarta-feira de manhã uma última tentativa para evitar o encerramento destes cursos, “áreas únicas no país”.
27 Março 2018, 20h38

“Estes cursos são áreas únicas no país, ergonomia não há mesmo mais alternativas, nem nos politécnicos e são áreas que têm uma altíssima empregabilidade e que formam pessoas em áreas mais específicas”, disse à Lusa Catarina Canelas, aluna do curso de Dança desta faculdade e membro da “Comissão Motricitária”, o movimento de estudantes da faculdade que tem procurado evitar um desfecho que pode ser conhecido já na quarta-feira.

Depois de um protesto na segunda-feira, que juntou os alunos desta escola na defesa dos dois cursos, os estudantes preparam-se para nova manifestação, marcada para as 09:00, na FMH, uma hora e meia antes do início da reunião do Conselho de Escola, que se reúne para tomar uma decisão.

Outros órgãos de gestão da escola, como os conselhos pedagógico ou científico, também se reuniram para tentar deliberar sobre a matéria, mas, segundo Catarina Canelas, “não quiseram decidir nada, porque a base para decidir fechar os cursos tem a ver com motivos financeiros”, apresentados pela direção da faculdade em “gráficos com uma série de números” que levam a um cálculo que os estudantes dizem não ser rigoroso ou percetível.

“Não conseguimos perceber como foi feito, é muito vago, mistura dados de vários anos. Nós questionamos o rigor daquele documento e gostaríamos de ver isso mais esclarecido. Os outros conselhos da escola também não conseguiram emitir pareceres óbvios sobre isso”, disse a aluna.

Catarina Canelas disse que os alunos da faculdade estão “receosos e preocupados” que o resultado da reunião de quarta-feira seja a decisão de fechar os dois cursos, com base “em motivos cegamente financeiros e sem haver uma avaliação de outras alternativas” e sem o envolvimento dos alunos.

Admitindo que questões práticas do funcionamento destes dois cursos, como o elevado rácio de professores por aluno, os tornem caros em comparação com outros da faculdade com maior número de vagas e, consequentemente, alunos inscritos – são 20 as vagas anuais para Dança e Ergonomia – Catarina Canelas recorda que já o eram à partida, acrescentando que foram pedidas à direção mais informações que permitam tentar encontrar soluções em conjunto.

“Quando foi decidido científica e pedagogicamente que eram cursos relevantes, que eram uma formação que a faculdade queria oferecer e que eram funções importantes na sociedade isso foi visto de uma maneira equilibrada entre todos. Claro que quando começa a haver menos dinheiro, começa a apertar”, disse.

Para a estudante de Dança “é muito injusto e é precoce” avançar com o encerramento, até porque, frisou, “não há garantia de que fechando esses dois cursos haja uma estabilidade financeira a seguir”.

“Parece um bode expiatório”, afirmou.

Se os cursos encerrarem não é garantido que as vagas que lhe estão adstritas sejam distribuídas por outros cursos da FMH, podendo a ULisboa optar por atribuir esses lugares por outros cursos de outras faculdades.

O encerramento não terá efeitos imediatos, havendo um período de transição para permitir a conclusão dos estudos aos alunos já matriculados e ainda a entrada de novos caloiros pelo menos no próximo ano letivo.

Os alunos lançaram uma petição ‘online’, dirigida também ao ministro da tutela e ao reitor da ULisboa, com os quais ainda estabeleceram contacto.

Na segunda-feira, após o protesto, os alunos foram recebidos pelo diretor da FMH, José Alves Diniz, que, disse Catarina Canelas, “concordou com algumas das posições dos estudantes, e discordou de outras”.

A Lusa tentou contactar a direção da faculdade, mas tal não foi possível.

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