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Cristiano Ronaldo: de ‘bicicleta’ para a eternidade

Desvalorizou ações em bolsa, gerou (e continua a gerar) centenas de milhões de visualizações e vai reforçar a valorização da marca. Este não foi um pontapé comum.
7 Abril 2018, 12h00

Os números associados ao movimento acrobático que Cristiano Ronaldo protagonizou ao minuto 64’em Turim, na casa da ‘Velha Senhora’ (apelido pelo qual é conhecida a Juventus em Itália) são pouco consensuais: 2,38 metros acima do solo (há quem reconhece que este valor pode chegar aos 2,50 metros) e elevação do corpo (das costas) a 1,41 metros do relvado. Mais preciso, e penalizador, foi a forma como a ‘bicicleta’ histórica de Cristiano determinou uma queda abrupta das ações da Juventus que, no dia seguinte ao feito, caíram para o valor mais baixo em oito meses, tendo registado a pior performance do dia do índice Stoxx Europe Football Index – um autêntico pesadelo para a família Agnelli, que controla a Juventus há mais de 90 anos.

Para Daniel Sá, diretor executivo e especialista em marketing desportivo do IPAM, ouvido pelo Jornal Económico, “o valor e a beleza daquele pontapé é apenas mais um contributo para que Ronaldo se transforme definitivamente numa lenda do futebol mundial”. Para este especialista, o atleta cujo valor comercial já chegou aos 120 milhões de euros (valor global da performance desportiva, direitos de imagem, presença nos média e influência social, de acordo com avaliação de 2017 do estudo do IPAM), protagonizou “uma ‘fotografia’ daquelas que vamos ver durante muitos anos como algumas que se tornaram míticas de Eusébio, Pelé”. No entanto, Daniel Sá não vê esta bicicleta como um momento isolado mas sim como “mais um contributo”: “não é um pontapé que transforma o valor da marca Ronaldo; esta ‘bicicleta’ reforça o espírito de que a marca Ronaldo vai perdurar no tempo, muito para além de quando ele terminar a carreira”.

Na avaliação efetuada relativamente à marca Ronaldo, Daniel Sá considerou que existem dois pontos “extraordinariamente importantes e distintivos na marca”: “primeiro, a visibilidade que gera, somando todas as peças em jornais, rádios, televisões e meios digitais à sua presença individual nas redes sociais fazem com que Ronaldo atinja uma audiência de milhões em segundos e, segundo, a imagem de profissionalismo, seriedade e compromisso na sua vida enquanto futebolista, que lhe possibilita ser procurado por várias marcas que se procuram associar a estes valores”.

Centenas de milhões de ‘views’

Para Daniel Sá, “todo o percurso que Ronaldo trilhou até hoje já o colocou num grupo muito restrito onde figuram as lendas do futebol. Este pontapé é um momento icónico, quase que o poderíamos comparar à fotografia do Che Guevara que tão multiplicada tem sido”. O especialista em marketing desportivo compara a ‘bicicleta’ de Ronaldo a uma imagem que tem sido muito partilhada nas redes sociais: o mítico afundanço de Michael Jordan “que se transformou numa marca que a Nike utiliza nos produtos associados ao ex-basquetebolista e que ainda gera muitos milhões. E este momento de Cristiano poderá no futuro tornar-se numa imagem de marca semelhante? “Sem dúvida”, realça Daniel Sá.

Para o diretor executivo do IPAM, esta ‘bicicleta’ acontece “numa época mediática onde existe uma maior maximização de imagens. O número de visualizações deste golo de Cristiano, seja do vídeo ou das fotos do momento, atinge seguramente centenas de milhões. Vivemos numa era onde este pontapé consegue chegar ao mundo inteiro”.

Artigo publicado na edição semanal do Jornal Económico.

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