Emmanuel Macron esclareceu que, caso se avance para ataques na Síria, eles serão direcionados apenas contra as “capacidades químicas” de al-Asad.
“Existe uma linha vermelha, que partilhamos com outras potencias. Vamos continuar a conversar com os Estados Unidos e o Reino Unido sobre questões técnicas e nos próximos dias tomaremos uma decisão”, disse o Presidente da França, numa conferência de imprensa conjunta, em Paris, com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman.
O príncipe saudita afirmou também que o seu país pode estar envolvido em possíveis ataques conjuntos contra o regime de Damasco.
“Se a aliança com os nossos parceiros o exigir, nós responderemos presentes”, disse Mohamed bin Salman.
Entretanto, o secretário de estado da Defesa norte-americano, James Mattis, cancelou a viagem oficial que tinha previsto realizar no próximo fim de semana ao Nevada, devido a “conflitos de agenda”, segundo informou o Pentágono.
Esta decisão coincide com o anúncio da Casa Branca que a viagem que o Presidente Donald Trump tinha agendada para este fim de semana à Colômbia e Peru também foi cancelada.
“O Presidente vai permanecer nos Estados Unidos para supervisionar a resposta norte-americana à Síria e vigiar os acontecimentos globais”, disse Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, em comunicado.
Mais de 40 pessoas morreram no sábado num ataque contra a cidade rebelde de Douma, que segundo organizações não-governamentais no terreno foi realizado com armas químicas.
A oposição síria e vários países acusam o regime de Bashar al-Assad da autoria do ataque, mas Damasco nega e o seu principal aliado, a Rússia, afirmou que peritos russos que se deslocaram ao local não encontraram “nenhum vestígio” de substâncias químicas.
O Conselho de Segurança da ONU deverá votar hoje um projeto de resolução dos Estados Unidos para criar um mecanismo de investigação internacional sobre o recurso a armas químicas na Síria, mas a proposta tem o veto garantido da Rússia que, por su vez, apresentou um outro projeto de resolução.
A confirmar-se, será o 12.º veto russo a uma resolução da ONU sobre a Síria desde o início do conflito armado, em 2011.
Entretanto, a Rússia pediu ao Conselho de Segurança da ONU para que a sua resolução e a dos Estados Unidos sobre ataques químicos na Síria sejam votadas em simultâneo, mas às 19:00 (meia noite em Lisboa), revelaram fontes diplomáticas.
Os Estados Unidos tinham pedido anteriormente para que o Conselho de Segurança das Nações Unidas votasse às 15:00 (20:00 em Lisboa) o projeto de resolução para criar um mecanismo de investigação internacional sobre o recurso a armas químicas na Síria.
A ONU deixou de ter um organismo de investigação para os ataques químicos na Síria depois de, em finais de 2017, uma série de vetos da Rússia ter impedido a renovação do mandato do JIM (Joint Investigation Mechanism, mecanismo de investigação conjunta), um grupo que juntava peritos da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
A Síria, que entrou no oitavo ano de guerra, vive um drama humanitário perante um conflito que já fez pelo menos 511 mil mortos, incluindo 350 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.
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