Nos últimos doze meses, a energia passou para o centro do debate político na Europa. Ora, no que respeita ao cabaz energético do qual dependemos, quanta energia temos de importar e de onde, e quanto nos está a custar agora e vai custar no futuro?

Em agosto do ano passado, com a COP26 em Glasgow no horizonte, ouvimos o primeiro de uma série de novos avisos do Painel Intergovernamental Sobre as Alterações Climáticas (IPCC), sublinhando a necessidade urgente de acelerar a nossa transição para energias limpas a fim de evitar uma catástrofe climática.

Mais recentemente, o horror das agressões de Putin na Ucrânia obrigou-nos a olhar para a nossa segurança energética com uma maior urgência e a reavaliar a nossa dependência dos combustíveis fósseis.

Para proteger o nosso planeta e reforçar a nossa segurança, precisamos de mudanças no nosso cabaz energético. E essas mudanças têm de acontecer muito mais depressa.

No início deste mês, o Governo do Reino Unido publicou a sua nova Estratégia de Segurança Energética, um plano ambicioso para acelerar a transformação da nossa produção e utilização de energia – e um marco importante em muitos aspetos, pois reflete e concretiza o nosso compromisso com a liderança em matéria de ação climática com a Presidência da COP26.

Tal como Portugal, orgulhamo-nos do papel que temos desempenhado na transição global para energias limpas nos últimos anos. Entre 1990 e 2019, reduzimos as emissões em 44%, enquanto o PIB cresceu mais de 75%. Energias renováveis, nuclear e outras tecnologias de baixo carbono produzem, atualmente, mais de 50% da nossa eletricidade.

A atual estratégia vai mais longe. Com o recurso às energias eólica, nuclear, solar e de hidrogénio, o Reino Unido poderá produzir 95% de eletricidade de baixo carbono até 2030. Esta é, também, uma boa notícia para os nossos consumidores de energia – individuais, famílias, pequenas empresas.

Tal como muitos países europeus, o Reino Unido tomou medidas para proteger as famílias dos piores impactos dos preços elevados que se fazem sentir, através de um pacote de apoios superior a nove mil milhões de libras.

Mas só reduzindo a nossa dependência do petróleo e do gás importados, e investindo num futuro de energia limpa, poderemos reduzir permanentemente o custo da energia na fonte. Além disso, esta estratégia também nos permite reduzir ainda mais a nossa exposição aos combustíveis fósseis russos, que, tal como em Portugal, já é baixa.

A curto prazo, apoiaremos a produção nacional de petróleo e de gás no Mar do Norte, em paralelo com energias limpas e renováveis. Esta parte do plano sustenta tanto a nossa segurança energética como a nossa agenda de neutralidade líquida: uma utilização sensata dos nossos recursos próprios em vez das importações da Rússia, que reforça a nossa resiliência energética e proporciona estabilidade para uma transição suave mas rápida para um futuro de carbono zero.

Em última análise, a neutralidade líquida é a solução a longo prazo para as crises energéticas atuais.

Por último, e talvez a parte mais entusiasmante, esta transição para energias limpas oferece oportunidades ilimitadas para a indústria e investimento verdes, no Reino Unido, em Portugal e em todo o mundo. Com Portugal e o Reino Unido a partilharem o objetivo de alcançar a neutralidade das emissões líquidas até 2050, já testemunhamos um volume considerável nos negócios bilaterais e no investimento em energias renováveis.

Em Portugal, empresas britânicas como a NextEnergy Capital, Glennmont Partners, Aura Power ou Lightsource BP, para citar apenas algumas, têm estado na vanguarda dos grandes investimentos nas áreas da energia solar e do hidrogénio verde.

Entretanto, a estratégia de investimento a longo prazo da EDP no sector energético do Reino Unido desempenha um papel importante no cabaz energético, nomeadamente na energia eólica – em terra e no mar. A colaboração numa transição energética dinâmica é uma componente cada vez mais valiosa da parceria profunda e duradoura entre os nossos países – que espero que continue a florescer.