(Desde a prisão de Lula ao que se passa no meu clube, muitos seriam os temas que justificariam uma reflexão. Se o primeiro não caberia nestas linhas, o segundo resume-se numa palavra: chega! Escolho, portanto e apesar de tudo, ainda a minha classe e o que se passa na CPAS, isto é, a Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores. E, mesmo para os que entendem que estes profissionais estão abaixo do patamar de direitos sociais que se reconhece a cada cidadão, saibam que o que (não) nos é concedido por esta instituição nem sequer abrange casos de doença, seja esta qual for).

 

No meio de um turbilhão de notícias que levariam um qualquer turista a achar que, neste rectângulo, pouco mais se passa do que futebol, foram tornadas públicas as respostas da Ordem dos Advogados ao pedido de auditoria feito por um conjunto de advogados. Recuperando a história, nas costas dos respectivos visados, foi aprovado um Regulamento que aumentou as respectivas contribuições e diminuiu substancialmente os seus (poucos, refira-se) direitos, sem que tal fosse sequer avisado – e, muito menos, discutido.

Ataques pessoais à parte, os quais dizem mais sobre os que assinam do que sobre aqueles que pretendem visar, as respostas agora dadas têm uma única virtualidade, a saber, a de demonstrarem que os titulares dos cargos (que parecem estar tão fascinados com o poder que acham ter) que se permitem tudo, incluindo, digamo-lo com todas as letras, mentir. E fazem-no despudoradamente, chegando ao ponto de se afirmar que o mesmo foi objecto de grande discussão entre a classe, o que, não apenas é manifestamente falso e está traduzido em actas, como terá sido um dos motores para a eleição dos que agora se sentam no Largo de São Domingos. Pior do que não ter memória é, diria eu, criar deliberada e artificialmente uma memória alternativa para justificar comportamentos que nunca deveriam ter ocorrido.

Gosto, ainda assim, de acreditar que, mesmo na política pura e dura, não pode valer tudo, sob pena de nos tornarmos exactamente iguais, quando não mesmo piores, aos que combatemos.

Por outro lado, é verdade que o velho ditado português diz que a mentira “tem perna curta”. No caso concreto, contudo, move-se, pelo menos entre São Domingos e São Bento. Compete-nos a nós dizer o tal “chega!” quando não mesmo denunciar que o Bastonário, quando afirma que o Regulamento foi discutido, vai nu.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.