O tema Rússia-Ucrânia monopoliza a agenda informativa, o discurso de Putin na parada militar de 9 de Maio e a resposta com os dois vídeos de Zelensky em Borodyanka (a preto e branco com os escombros de uma cidade como cenário) e a passar sozinho como herói resistente nas ruas desertas de Kiev, são o pão dos noticiários que enquanto tiverem audiências com este filão não o vão largar.
O problema dessa narcotização bélica é que vivemos em Portugal e por aqui ninguém se incomoda por estarmos com mais de 20 mil casos de Covid diários, enquanto se vai preparando a comunidade para uma quarta inseminação vacinal para grupos de risco e idosos. Já ninguém se lembra de que, no último inverno, as farmacêuticas vaticinavam o lançamento de um comprimido anti-Covid sobre o qual nenhum daqueles “médicos” amigos dessa indústria que pululam nas televisões e da qual recebem subsídios e convites para “férias e viagens” agora fala. É um esquecimento barulhento a navegar no silêncio confortável.
E para lá da grave ocorrência na câmara de Setúbal e da qual não vão sair culpados nem responsabilidade política ou escrutínio público, compete-me relembrar ao caro leitor que há um governo em funções com milhões do PRR que têm de ser devidamente aplicados porque não podemos perder mais oportunidades para o nosso desenvolvimento nem para a modernização tecnológica da qual o país e empresas necessitam.
E também convém recordar que há uma oposição (esse assunto é que já se esqueceram mesmo). O bom exemplo é quando o partido que pode constituir alternativa ao PS se encontra em plena campanha eleitoral interna e ninguém liga, como se a marca PSD tivesse depreciado o seu valor depois da catástrofe de Rui Rio. Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva podem esforçar-se imenso mas não tocam em ninguém porque não têm tempo de antena e tanto os militantes como os portugueses no geral não estão minimamente entusiasmados com a possível liderança de qualquer um deles.
Outro foco da amnésia reinante vem de um espertalhão irlandês chamado Paddy Cosgrave que não tem qualquer pudor em mostrar que nós por cá somos uns bananas, especialmente o actual edil de Lisboa que ficou muito apoquentado por o dito cavalheiro anunciar a Web Summit, que financiámos com milhões e que vamos continuar a pagar 11 milhões/ano até 2028, para o Rio de Janeiro.
Era bom que Carlos Moedas em vez de meter no Expresso que estava “chateado”, de imediato rescindisse ou renegociasse o contrato por evidente incumprimento, pois naturalmente perderemos visitantes do continente americano para lá de passarmos a imagem de ditos bananas, coisa que não aprecio.
Diz um provérbio inuíte (povo que habita regiões árticas) que “só distinguimos os amigos dos inimigos quando o gelo cede sob os nossos pés”. O Paddy nunca foi nosso amigo, apenas gostava e sugou da teta da nossa vaca. O esquecimento foi rápido.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.