Tenho demasiadas vezes a impressão de haver gente a mais em todo o lado. Fui pesquisar os números e descobri que desde que nasci até hoje a população mundial aumentou para mais do dobro – ou seja de 3,7 biliões de pessoas passamos para 7,8 biliões em 50 anos! Não admira, portanto, que os sítios pacíficos de outrora se tenham tornado mares de gente!

Este crescimento populacional é visível em muitas coisas, mas uma das mais surpreendentes vem de Tóquio e de uma nova profissão no metro que consiste em empurrar gente para dentro do mesmo. Os metros vão tão cheios que a única forma de as portas fecharem é com a ajuda destes ‘empurradores’.

Em 1970, os 658 milhões de europeus representavam 18% da população mundial. A Ásia representava 58% e a América do Norte 9% da população mundial. 50 anos depois a população europeia cresceu em quase 100 milhões, mas como o crescimento populacional no mundo foi enorme, os europeus hoje representam apenas 10% da população mundial. Os asiáticos representam um pouco mais, 61%, e os africanos passaram de 10% para 18% da população mundial.

Existem várias projeções para o crescimento populacional que, felizmente, não continuará a este ritmo. As projeções apontam para uma estabilização da população no fim deste século nos cerca de 10,9 biliões de pessoas. Nas projeções consultadas (Our World in Data, com projeções baseadas no cenário de população média das Nações Unidas) os europeus representarão 5,8% da população mundial no ano 2100. As projeções apontam para os asiáticos representarem uma fatia menor da população mundial – cerca de 43%, e os africanos uma fatia substancialmente maior – cerca de 39%. Isto é, em 2100 provavelmente nove dos cerca de 11 biliões de pessoas serão asiáticas ou africanas.

As mudanças na geografia mundial não são um detalhe. Elas representam mudanças civilizacionais imensas. Grande parte das mudanças serão culturais, sociais e políticas. Contudo, a par destas, temos a rápida inovação tecnológica que faz com que o futuro seja não apenas incerto, mas também muito rápido.

Significa isto que às empresas e instituições não basta fazer previsões com base nos dados do passado. É preciso construir cenários e analisar as várias possibilidades de futuro que se avizinham. Mais importante ainda, é preciso flexibilidade para um rápido ajustamento a mudanças externas. A maior parte das mudanças que vão ocorrer na sociedade não são antecipáveis (quem anteciparia as mudanças provocadas pela criação da world wide web em 1991?), pelo que a capacidade de resposta rápida é a competência chave para as organizações do futuro (ou, melhor dizendo, para as atuais que queiram ter futuro).