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“Esta é a realidade: não temos Kamov disponíveis”, revela presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil

O general Mourato Nunes esteve presente esta quinta-feira na Comissão Parlamentar na Assembleia da República, onde foi questionado por membros dos principais partidos políticos, com exceção do CDS-PP, sobre várias matérias, entre as quais a vinda dos peritos estrangeiros.
3 Maio 2018, 18h39

O presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), General Mourato Nunes, falou esta quinta-feira na Comissão Parlamentar na Assembleia da República, tendo sido questionado por alguns deputados dos principais partidos políticos, aos quais só faltou o CDS-PP.

Um dos principais temas abordados esteve relacionado com os meios aéreos que o Estado dispõe neste momento e a existência dos kamov. O General Mourato Nunes referiu que “o Estado tem nove meios aéreos, três ligeiros e seis pesados. Os kamov são meios pesados e são um problema complexo, porque quando completam 10 anos, ou oito mil horas de voo, têm de fazer revisões completas muito profundas e calhou nesta altura. A empresa de meios aéreos não fez atempadamente a revisão dos kamov. E como tal não podemos ter os kamov disponíveis. Não há nenhum disponível neste momento, esta é a realidade”.

O presidente da ANPC recusou fazer comentários “sobre o que correu bem ou mal em relação ao ano passado”, garantindo no entanto que vão existir “mudanças práticas, um reforço do dispositivo terrestre, jipes e sapadores florestais no terreno.” Sobre a intervenção dos meios aéreos e terrestres, Mourato Nunes afirmou que ”não tem uma definição temporal estabelecida, mas dependem sim das circunstâncias, como dados da meteorologia por exemplo. E é consoante esse nível que correspondem os meios aéreos e terrestres”.

O líder da ANPC salientou que na fase 4, considerada a mais perigosa de todas “teremos um efectivo na ordem dos 10 mil elementos”. Outra das medidas é a existência de uma equipa do Grupo de Intervenção Proteção e Socorro (GIPS) “para fazer um ataque inicial em todos meios aéreos para a primeira intervenção, que é mais importante e determinante”. Ao todo serão 57 elementos do GIPS espalhados por áreas como Viseu, Aveiro, Vila Real, Faro e Loulé.

O General Mourato Nunes assegurou que nesta altura estão disponíveis 50 meios aéreos: “38 helicópteros, destes 38, um vai para a Madeira. Oito anfíbios médios (aviões de asa) dois pesados para atuar em parelha, em incêndios de grande dimensão e dois bimotores com câmara de vigilância e infravermelhos”.

Uma das questões que mais polémica levantou nos últimos dias está relacionada com a vinda de peritos estrangeiros para Portugal. Sobre este tema o presidente da ANPC foi conciso ao afirmar que “precisamos de incorporar dentro da ANPC, pessoas com capacidade de diálogo. Os peritos estrangeiros são na permuta de conhecimentos e não de mendigar conhecimentos. Recuso essa ideia de que somos ignorantes”.

Mourato Nunes pretende dar também um maior destaque ao papel das forças armadas. “Queremos que as áreas mais passíveis para incêndios sejam cobertas. E com as forças armadas, procuramos que sejam mais próximas das populações. Os meios humanos para o rescaldo pós-incêndio, para dar descanso aos bombeiros ou que possam atuar em outra zona. Este trabalho pode e deve ser feito pelas forças armadas, tal como o apoio logístico ao teatro de operações, evacuação de população e a disponibilização de meios aéreos (só pode ser usado em vigilâncias)”.

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