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Miguel Castro Neto: “A ciência dos dados está atualmente a passar por um momento único de grande dinâmica”

A NOVAnlaytics Accelerator quer ideias e projetos analíticos alicerçados em ciência dos dados que possam evoluir para startups, assim como startups que estejam numa fase inicial de criação de um produto ou solução. O foco é para projetos nas áreas de ‘machine learning’, ‘blockchain’, cidades inteligentes, ‘advanced analytics’, ‘big data’ e ‘internet of things’.
29 Maio 2018, 07h35

A Nova IMS está a iniciar um projeto para promover o desenvolvimento de ideias e a criação de empresas que utilizem ciências de dados. As candidaturas ao NOVAnalytics Accelerator já estão abertas, podem ser feitas em http://novanalytics.unl.pt, até meados de julho.

Em declarações ao Jornal Económico, Miguel Castro Neto, subdiretor da Nova IMS, Miguel Castro Neto explica os objectivos do projecto.

 

Quais são os objetivos da NOVAnalytics Accelerator?

A ambição do programa de aceleração NOVAnalytics que agora lançamos é precisamente alavancar um processo que neste momento já se iniciou e que necessita de um enquadramento estruturado para assegurar o seu sucesso.

Assim, o objetivo é acolher ideias e projetos analíticos alicerçados em ciência dos dados que podem vir a evoluir para startups, bem assim como startups que estejam numa fase inicial de criação de um produto ou solução, em áreas como Cidades Inteligentes, Internet das Coisas, BlockChain, Analítica Avançada ou Big Data.

Muitos destes projetos estão a nascer como resultado de trabalhos de investigação levados a cabo por alunos e alumni da NOVA mas a ambição do NOVAnlaytics Accelerator é acolher e apoiar toda e qualquer iniciativa que se enquadre na sua área de intervenção.

Nesse sentido, o programa de aceleração, cujas candidaturas abrem no dia 28 de maio e decorrerão durante o mês de junho e até meio de julho, está aberto a participantes de qualquer proveniência, desde que o âmbito do projeto se enquadre nas áreas de foco do acelerador. No término do programa, que decorrerá ao longo de doze semanas a partir de setembro, as startups deverão apresentar os seus projetos ao público e a potenciais investidores num “demo day”. A candidatura ao programa é efetuada através do respetivo portal: http://novanalytics.unl.pt.

Como avalia o “estado da arte” em Portugal nas áreas relacionadas com a ciência de dados?

A ciência dos dados está atualmente a passar por um momento único de grande dinâmica, em que as empresas estão claramente a percepcionar que, a par com a transformação digital, a aposta analítica é vital para a competitividade das organizações.

Mais, no paradigma atual o desafio é claramente analítico, isto é, como podem as empresas tirar partido dos dados que possuem para criar valor, lançando novos produtos e/ou serviços e desenvolvendo uma relação muito mais próxima e personalizada com os seus clientes.

Paralelamente, é hoje uma realidade que os recursos humanos nacionais têm ao seu dispor instituições de ensino de reputação internacional na área da ciência dos dados e níveis de empregabilidade elevadíssimos com oportunidades de emprego não apenas no mercado nacional, mas também internacional.

O novo RGPD vai colocar novos desafios ao trabalho sobre dados?

O novo RGPD mais do que colocar novos desafios ao trabalho sobre os dados, deve ser encarado como uma oportunidade para as organizações desenvolverem modelos de governação e de gestão de informação fundamentais para suportar o desenvolvimento de capacidades analíticas.

Assim, a par com o cumprimento dos requisitos do RGPD e a necessidade de garantirmos a segurança e privacidade dos dados pessoais, devemos aproveitar o processo de implementação do RGPD para, conhecendo os dados que gerimos, sermos capazes de inovar e construir novas soluções

Como analisa o caso Cambridge Analytica e que ensinamentos podemos retirar do que aconteceu?

O caso Cambridge Analytica veio essencialmente lançar um alerta sobre a necessidade de todos termos consciência das consequências da utilização das redes sociais e da partilha de informação pessoal que ai fazemos.

No entanto, este episódio (cujos contornos ainda não estão cabalmente esclarecidos) não deve ser tomada como padrão, pois se olharmos para o mundo que nos rodeia, as capacidades analíticas que hoje temos ao nosso dispor e que são mais visíveis precisamente quando utilizamos a internet e as redes sociais, permitiu desenvolver um paradigma em que, suportado pela ciência dos dados, temos hoje a oferta dos mais diversos serviços com graus de personalização  e conveniência extraordinários.

Assim, desenvolvendo esforços e iniciativa que garantam a segurança e privacidade dos dados e criando um quadro em que as empresas adotam também códigos de ética adequados, acredito que o potencial de criação de valor induzindo pela libertação do poder dos dados será responsável pela construção de um futuro analítico onde aqueles que tiverem a criatividade e a capacidade de inovar tirando partido da ciência dos dados irão liderar.

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