As maiores startups financeiro-tecnológicas (fintech) em Portugal arrecadaram mais de mil milhões de euros em investimento – mais especificamente 1.079.745.694 euros, concluiu o “Portugal Fintech Report 2022”, elaborado pela associação Portugal Fintech em parceria com a consultora KPMG, a Visa e a sociedade de advogados Morais Leitão.
Quase metade das empresas (48%) obtêm financiamento de investidores internacionais, sendo que 21% das mesmas não têm quaisquer investidores portugueses, segundo a sexta edição do estudo, divulgada esta quinta-feira. Ainda assim, parte das rondas de investimento de fintechs este ano envolveu a carteira de gestoras de capital de risco portuguesas (Bright Pixel, Iberis, Shilling, Portugal Ventures…), destinada a empresas com a Habit, Zartha, Fraudio, entre outras.
Olhando para a radiografia do sector, as fintechs nacionais têm geralmente uma equipa de 45 pessoas – embora 12% das analisadas tenham mais trabalhadores – e são empresas B2B (75%). As metrópoles de Lisboa (55%) e Porto (16%) são os seus principais polos “internos”, mas é fora de Portugal que está a maioria (87%), em países como França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos.
Em termos de distribuição por segmentos de atividade, as fintechs com ADN português estão sobretudo a operar em empréstimos e créditos (22%), pagamentos e transferências de dinheiro (17%), blockchain e criptoativos (17%) e digitalização dos seguros ou insurtech (16%), o que constitui uma clara inversão relativamente ao panorama dos anos anteriores, quando os pagamentos e transferências reinavam e a blockchain ainda não tinha expressão significativa. Aliás, atualmente são as que mais captam investimento (76%).
O relatório que, anualmente, traça o perfil das fintechs portuguesas e faz o ponto de situação deste mercado destaca a evolução regulatória que sucedeu este ano, como por exemplo o facto de a Presidência do Conselho Europeu e o Parlamento Europeu terem chegado a um acordo provisório, em junho, sobre a proposta de regulamento relativo aos mercados de criptoativos (MiCA – Markets in Crypto-Assets).
“O mundo está a passar por profundas mudanças e 2022 mostrou um grande avanço na apresentação da regulação em diferentes áreas. O ESG [Environmental, Social & Corporate Governance] e a taxonomia vão obrigar os bancos a adquirir novas competências e a gerir melhor os dados, um oceano azul para as startups fintechs apresentarem soluções. Do lado das criptomoedas, o MiCA e a evolução da CBDC [Central Bank Digital Currency] serão definidores para a evolução do mundo das criptomoedas após movimentos turbulentos no mercado”, adianta o documento.
“2022 foi um ano desafiante a nível mundial para as fintech, mas o ecossistema nacional mostrou resiliência, mantendo uma rota de crescimento assente em novas rondas de investimento para as fintech mais consolidadas, mas também a entrada de um elevado número de players internacionais”, comenta João Freire de Andrade, fundador da Portugal Fintech.
O mais recente “Portugal Fintech Report”, de 2022, demonstra ainda que os anos mais populares de fundação destas empresas são 2020 (14%) e 2021 (14%), os anos da pandemia, embora 2019, um ano de expansão económica em Portugal e recordes no turismo, também se mantenha com uma percentagem relevante (13%).
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