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Beta-i fez 25 projetos de inovação no Brasil este ano: “Houve uma tropicalização forte da oferta europeia”

Renata Ramalhosa, cofundadora e CEO da consultora de inovação Beta-i Brasil, afirma ao JE que este é “um mercado grande” e “com muitas possibilidades”, mas requer “foco” senão as pessoas “perdem-se neste mar de oportunidades”.
9 Dezembro 2022, 17h29

A consultora Beta-i Brasil conta com 46 projetos de inovação colaborativa realizados neste país sul-americano desde a sua abertura, no final de 2019. Só este ano foram feitas 25 iniciativas de promoção do empreendedorismo e modernização de empresas e instituições, avançou ao Jornal Económico (JE) a cofundadora e CEO da Beta-i Brasil.

Porém, o Brasil é o maior país lusófono e um dos maiores do mundo, com mais de 200 milhões de habitantes. A internacionalização para esta região implica uma estratégia bem definida em termos de zonas e sectores com os quais trabalhar. “O Brasil é um mercado grande, com muitas possibilidades, mas tem de haver foco, senão a pessoa perde-se nesse mar de possibilidades”, disse Renata Ramalhosa, em entrevista por videoconferência a partir da cidade de São Paulo.

O mesmo se passou com o trabalho dos consultores, que adaptaram as metodologias à dimensão e características da geografia. “Os projetos que fizemos refletem todo o nosso portefólio para o Brasil. Teve de haver uma tropicalização forte da oferta europeia para a oferta brasileira”, explica a gestora portuguesa que está à frente da operação da Beta-i no outro lado do Atlântico.

Entre os alvos desses projetos estão, por exemplo, a Sebrae (uma organização pública que apoia o desenvolvimento de PME, homóloga do IAPMEI), a L’Oréal, a EDP Brasil ou a ABF, que contribuíram para o total de 13 pilotos da consultora. A Beta-i Brasil está ainda por detrás do primeiro programa de economia azul no Rio de Janeiro – ainda embrionário e cujos resultados só serão mensuráveis a partir do próximo ano.

“Com a Sebrae foi um contrato interessante, que nos permitiu trazer algumas ferramentas para que a Sebrae de Minas Gerais pudesse estimular o ecossistema num dos maiores estados do Brasil. Fizemos vários projetos com eles: criação de veículos de venture capital, uma plataforma de matchmaking para responder a desafios de pequenos negócios que estamos agora a escalar…”, destaca a CEO.

“Do final de 2019 ao final de 2022 crescemos a três dígitos [200%], seis vezes mais do que quando começámos. Os anos em que crescemos mais foram 2021 e 2022. O 2020, com a pandemia, trouxe mais desafios para o início das operações. Trazer uma marca para o mercado, posicionarmo-nos, termos os primeiros clientes… Não foi fácil. Foi aos poucos. Houve muito trabalho de formiguinha”, conta Renata Ramalhosa ao JE.

A Beta-i tem hoje 25 colaboradores a trabalhar com 13 clientes, nomeadamente a COPEL – Companhia Paranaense de Energia, para quem desenharam o plano de investimento em capital de risco. Ainda assim, há empresas que contratualizaram mais do que um projeto, sobretudo no sector da energia e sustentabilidade.

Renata Ramalhosa relata ainda que, neste momento, a consultora está a desenvolver dois grandes projetos em dois estados conectados com a Amazónia, entre os quais Manaus. “Chamámos empreendedores que tivessem algum produto ou serviço relacionado com a bioeconomia, quer fossem de digitalização, alimentação ou cosmética, e ajudámo-nos a tornarem a sua ideia e o seu talento a acelerarem-na para as apresentar em novembro. Isto é importante porque a Amazónia, embora seja o maior ecossistema natural do mundo, ainda tem um potencial muito grande de desenvolvimento socioeconómico”, adverte a especialista em inovação.

O Brasil, ao contrário de Portugal, conta com uma legislação relativa a startups – o Marco Legal de Startups, que entrou em vigor no início do verão de 2021. Ao JE, Renata Ramalhosa elogia o quadro legal brasileiro para a promoção do empreendedorismo: “Foi essencial não só para a startup se sentir valorizada no país, mas também para as empresas privadas e públicas e instituições. Faltava aqui uma definição de como é que este trabalho, de ligação entre Estado, empresas e startups, poderia ser feito”.

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