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Gás que Galp trará dos EUA vai representar metade do consumo português atual

Com os dois contratos de grande dimensão assinados no mercado norte-americano, a Galp trará um volume de gás natural dos Estados Unidos que é metade do consumo anual português.
Crédito: Galp
20 Dezembro 2022, 21h35

A Galp assinou com a NextDecade Corporation um acordo de compra e venda (Sales and Purchase Agreement – SPA) de gás natural liquefeito (GNL) que lhe permitirá aceder a um milhão de toneladas anuais de GNL proveniente do projeto Rio Grande LNG, no Texas, durante um período de 20 anos.

As entregas comerciais abrangidas por este acordo deverão começar em 2027, refere a Galp que explica que “os volumes adquiridos pela Galp são indexados a Henry Hub numa base FOB acrescida de uma taxa fixa de liquefação”.

Este acordo melhora o acesso da Galp a volumes de GNL proveniente dos EUA, complementando os fornecimentos da Venture Global, que deverão ter início durante 2023.

Esse outro acordo com a Venture Global LNG foi assinado em maio de 2018 e prevê a aquisição, durante 20 anos, de um milhão de toneladas por ano de gás natural liquefeito (GNL) a partir do terminal de exportação de Calcasieu Pass, localizado em Cameron Parish no Estado norte-americano da Louisiana.

Dados da Galp de 2021 referem que, os fornecimentos de GN e GNL da empresa portuguesa são obtidos principalmente através de contratos a longo prazo estabelecidos com a Sonatrach na Argélia e com a Nigeria LNG na Nigéria. Estes representaram cerca de 88% das fontes de aprovisionamento da empresa em 2021.

Em paralelo, a Galp explora também outras fontes de aprovisionamento, nomeadamente os mercados espanhol e francês. As restantes necessidades são cobertas através de operações de mercado spot.

O que estes dois contratos de grande dimensão feitos pela Galp mostram é que, dentro de cinco anos, o volume de gás que será proveniente dos EUA pelas mãos da Galp (2,72 BCM) será equivalente à quantidade que vem, atualmente, da Nigéria para Portugal, segundo dados da Direção Geral de Energia e Geologia, de 2021.

E os biliões de metros cúbicos de gás que virão dos EUA, em 2027, irão representar, na altura, metade do consumo nacional de gás atualmente.

Esta “aposta americana” (em 2020, a Galp acordou a contratação de um navio de transporte de GNL da Pan Ocean Co., Ltd. por um período inicial de 5 anos, para o transporte de GNL da Venture Global GNL) tem o objetivo de aumentar a competitividade do cabaz de aprovisionamento a longo prazo da Galp e de diversificar as fontes de fornecimento para acautelar todo o tipo de riscos.

Em outubro, por exemplo, a Nigeria LNG Limited tinha alertado a Galp para uma redução substancial na produção e fornecimento de gás natural liquefeito devido às chuvas e inundações registadas na África Ocidental e Central, que podia colocar em risco o abastecimento em Portugal.

Os contratos americanos não significarão a substituição da Nigéria, a qual continuará a ser um fornecedor muito importante no portefólio da energética portuguesa. Ou seja, apesar desta diversificação, para a Galp, a Nigéria continuará a ser um mercado muito forte, país com o qual tem e continuará a ter contratos de fornecimento muito significativos. Até porque a procura por gás poderá, eventualmente, aumentar.

O transporte de gás natural por via marítima (caso do que virá dos EUA) exige que o gás seja sujeito a um processo de arrefecimento (-160º) de modo a manter o estado líquido (gás natural liquefeito) a uma pressão ligeiramente mais elevada do que a pressão atmosférica. Nos terminais de destino, o gás é novamente transformado para o estado gasoso, de modo a ser injetado na rede de distribuição.

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