Em vários dos seus livros – no que o autor prometeu ser uma série de 12, dos quais oito já foram publicados em francês, a língua original –, Patrick Deville faz um misto de relato de viagem, biografia e história, com mais ou menos pozinhos de ficção.
“Peste e Cólera” é o primeiro a ser publicado por cá (pela mão da Tinta da China, inserido na coleção de Alberto Manguel, “A Vida Privada dos Livros”, a partir do programa homónimo da RTP), e conta a vida de Alexandre Yersin (1863‑1943), discípulo de Pasteur, admirador de Livingstone e de Conrad, cientista brilhante que descobriu em Hong Kong o bacilo da peste bubónica, ou peste negra
A vida deste suíço ávido de conhecimento foi verdadeiramente fascinante: fugiu o mais possível aos laboratórios, levado por uma enorme sede de tudo compreender; foi do microscópico à vontade de engolir o universo – entender o interior do corpo mas também as marés, os motores das máquinas e as raízes das plantas, a reprodução das galinhas e a distância das estrelas – um autêntico polímata.
A tradução é de José Mário Silva e o prefácio do escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez, onde podemos ler: “Eis o que é este livro extraordinário: o puzzle de uma vida e de uma época. Os seus temas são grandes e é grande o seu protagonista e são grandes os cenários em que decorre, mesmo quando se revelam microscópicos. Mas era preciso que surgisse um romancista como Patrick Deville, explorador e viajante, para contar esta história como ela merecia ser contada”.
O francês Patrick Deville, nascido em 1957, em Saint-Brévin, entre o Loire e o oceano Atlântico, é escritor e um grande viajante. Formado em Letras e Filosofia, tornou-se adido cultural no Golfo Pérsico com apenas 23 anos. Atualmente, vive em Paris, mas já residiu e ensinou em países tão diversos como Argélia, Nigéria, Marrocos ou Cuba. Em 2001, fundou em Saint-Nazaire a Maison des Écrivains Étrangers et Traducteurs (MEET) e uma revista com o mesmo nome.
Publicou o primeiro livro em 1987 e tem uma obra de mais de uma dezena de romances, entre os quais “Pura vida: Vie & mort de William Walker” – sobre a vida dessa personagem incrível que dá nome ao livro: um norte-americano que queria ser rei do México e conseguiu ser presidente da Nicarágua –; “Kampuchéa” – que parte do julgamento dos Khmers Vermelhos, para nos levar numa viagem por século e meio da história do Camboja, desde que o naturalista Henri Mouhot deu com os templos de Angkor; “Viva” – onde encontramos, de um lado, o revolucionário exilado Trostky e, do outro, o egoísta, o alcoólico, o desesperado Malcolm Lowry, autor de “Debaixo do Vulcão” e, no meio, o México dos anos 1930; e este “Peste e Cólera”, com o qual venceu o Prémio Femina 2012.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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