“Sem entrar em pormenores, [Tomás Pereira] terá estudado, de par com a literatura e a poesia clássicas, a geografia, a filosofia natural, a matemática pura e aplicada (maquinaria, relojoaria, óptica), a astronomia e a meteorologia, a física e as ciências naturais, beneficiado de um ensino básico de música (aliás uma parte da Matemática), que em Goa era mesmo vocal e instrumental. Possível é que aí se tenha também dedicado à aprendizagem de uma ou outra língua local por forma a poder exercer o magistério e o ensino catequético, mas disso não temos notícia.”
Sabemos pouco sobre a vida deste extraordinário jesuíta português de Seiscentos, aliás tal como acontece com Luís de Camões e muitos outros personagens eminentes de diversas épocas. No entanto, tal como com o autor de “Lusíadas”, foram os seus grandes feitos históricos que o fizeram entrar nas páginas da História, como nos demonstra Tereza Sena com “Tomás Pereira e o Imperador Kangxi – Um Diálogo ente a China e o Ocidente”.
Tomás Pereira terá nascido em 1645 ou 1646, na aldeia de Pedreiro, para os lados de São Martinho do Vale, hoje uma freguesia de Vila Nova de Famalicão. É provável que os seus primeiros anos de escolaridade tenham tido lugar no Colégio de São Pulo, em Braga, cidade arcebispal a que alguém chamou Roma portuguesa. Seguiu-se Coimbra e o ingresso na Companhia de Jesus, havendo registo da sua ordenação como sacerdote a 3 de maio de 1671, já em Macau.
No ano seguinte, vai para Pequim, onde se notabilizou por ter entrado na Cidade Proibida e por se ter tornado num leal e influente conselheiro do imperador chinês Kangxi, atuando não apenas na esfera interna da corte, mas também na cena diplomática e política da China, tendo empreendido quatro viagens pela Tartária, entre 1685 e 1706, esta última apenas dois anos antes da sua morte, aos 63 anos, cumprindo assim 36 anos ao serviço do imperador.
Este livro, editado em setembro passado pela Guerra & Paz, irá certamente suscitar a curiosidade e o interesse do leitor pela vida invulgar deste religioso que contribuiu para o diálogo entre o Oriente e o Ocidente, estabelecendo uma relação de proximidade e de diálogo intercultural nunca antes estabelecida.
Tereza Sena formou-se em História. Desde 1988, dedica-se ao estudo da História, historiografia, cultura e literatura de Macau e da missionação na China e sudeste asiático. Integra os quadros do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa e é também investigadora convidada da Universidade de São José, em Macau (em cuja qualidade redigiu este livro) e da Universidade Politécnica de Macau.
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