Estamos numa “caça às bruxas” e numa democracia irresponsável! A afirmação saída do nada parece excessiva mas vejamos a situação atual à luz da história política.

Convenhamos que Soares, Zenha ou Almeida Santos jamais permitiriam que o populismo da esquerda ou da direita radical se apropriassse da democracia. Os exemplos são muitos nos tempos que correm, desde autarquias, membros do Governo, familiares de membros do Governo, institutos e grandes empresas.

Aquilo que tem vindo a repassar pelos políticos e gestores de empresas públicas ou com capitais públicos é que tudo é possível para o enriquecimento rápido. Mas será que esta é a realidade do país? Ou tudo isto é populismo a exacerbar casos? O que sentimos é que todos tentam empobrecer o país, promovendo assim o ódio ao sucesso.

A ignição aconteceu com a TAP. Primeiro, uma administradora e a indemnização, depois o bónus para gestores de craveira que têm a função de tirar gorduras e passar de prejuízos a lucros. Mais do que a justiça das indemnizações e dos prémios, o que levou a sociedade portuguesa a comentar nas redes sociais, nos cafés, nos transportes públicos e nos comentários jornalísticos, é a política rasteira do “terceiro mundo” que parece imperar.

Repetimos, Soares ter-se-ia oposto ao encosto ao populismo, assim como Sá Carneiro ou Mota Pinto não deixariam o PSD cavalgar sobre as cinzas.

Hoje, ninguém aceita cargos para os ministérios ou para as direções gerais de empresas públicas, e vemos a máquina do Estado a empobrecer de uma forma confrangedora. Todos cedem à linguagem dos extremos.

E, embora quem antecipe a “morte política” do primeiro-ministro António Costa esteja longe da realidade, é possível que o “animal político” António Costa tenha feito a viagem de não retorno. O regime terá de se regenerar ou teremos uma Albânia dos velhos tempos.

Atualmente, temos países do Leste europeu a ganharem posições no ranking como regiões com maior produtividade, e não é por não trabalharmos que isso acontece, mas sim por deixarmos degradar tudo. Não temos serviços em bancos e seguradoras, todos trabalham pelo mínimo e parametrizados, a reindustrialização não se fez e o turismo alinha pelos níveis baixos de ordenados.

Relembremos as nacionalizações em que todos aplaudiram porque estavam fartos de ser enganados e fartos da sobranceria. Hoje, apenas nos lembramos que também há sobranceria e não há serviços. “Habituem-se!”. Ficou célebre e é uma grande verdade.

António Costa, o primeiro-ministro, está bem depois de todas as micro, pequenas e grandes crises que temos passado. Sabe que o PSD não existe, o Bloco aproveita o populismo, os comunistas continuam a dominar as organizações e os sindicatos, e o Chega não irá passar dos 15%, pois sendo um partido de protesto terá altos e baixos acentuados. O risco é a anarquia.

António Costa também não tem sucessores imediatos na liderança do PS. Internamente, Pedro Nuno Santos sai “chamuscado” do tema TAP ao admitir que mentiu sobre a indemnização da administradora e que afinal deu a “anuência” política para fechar o processo.

Isto é algo que o irá perseguir nos debates para a ascensão política, e dificilmente assumirá novo protagonismo em setembro como comentador da SIC. É uma jogada de marketing, mas o pecado está cometido e a perceção de que mentiu fica, e será confrontado com isso nos debates.

Costa nem sequer está em fim de ciclo, porque não há favoritos óbvios à liderança. Talvez Duarte Cordeiro saia por cima neste duelo interno.