As empresas do mercado de criptoativos e de trading dominaram as atenções durante os intervalos da última edição do Super Bowl, em 2022. O espaço publicitário do evento esteve repartido entre alguns novatos e outros gigantes – FTX, Coinbase, Crypto.com e eToro -, naquele que é considerado um dos maiores palcos da publicidade. Aquilo que alguns comentadores apelidaram de ‘Crpyto Bowl’ mais não era do que um presságio de touchdown.
Um ano e várias implosões e crises na indústria depois, o cenário é outro e as marcas de criptoativos e investimento já não vão entrar em campo. Este ano, as empresas deste sector têm “zero representação” na publicidade vendida, disse à Associated Press o vice-presidente executivo da Fox Sports, Mark Evans.
A publicidade no Super Bowl atinge valores astronómicos — em 2023, os anunciates pagaram mais de 400 milhões de dólares para assegurar um dos escassos spots televisivos. Um jogo de três horas e meia mexe tanto dinheiro como 75% do mercado publicitário português mexe num ano, segundo contas feitas pelo jornal ECO.
A rápida ascensão das gigantes de criptoativos fez alguns adivinhar uma rápida queda também.
O caso mais marcante do último ano terá sido o da FTX. A plataforma de trading de criptomoedas foi um dos principais anunciantes na última edição do Super Bowl, com anúncios protagonizados pelo comediante Larry David, e pelos jogadores Tom Brady e Stephen Curry.
Apesar de na altura já ser considerada um dos maiores negócios de criptoativos no mundo, a FTX não tinha uma operação assim tão vasta nos Estados Unidos. A campanha foi considerada como um escancarar de porta para uma entrada em peso no mercado norte-americano.
Dez meses depois do anúncio ser transmitido, a FTX estava insolvente. A empresa, sediada nas Bahamas, colapsou quando os investidores começaram a liquidar os seus depósitos, face à controversa e questionável gestão financeira do negócio. O fundador e CEO, Sam Bankman-Fried foi posteriormente detido e acusado de fraude num valor que ascende aos milhares de milhões de dólares. O julgamento arranca em outubro deste ano.
Já a plataforma Crypto.com continua ativa, mas a saúde da empresa está muito diferente do que estava há exatamente um ano. A firma sediada na Singapura anunciou em janeiro deste ano que ia despedir 20% da sua equipa e um relatório dado a conhecer na mesma altura veio confirmar que grande parte dos ativos da empresa estavam associados a criptomoedas com pouco valor de mercado.
Tal como a FTX, que até comprou os naming rights de um estádio norte-americano, a Crypto.com pagou mais 700 milhões de dólares para batizar o antigo Staples Center, onde joga a equipa de basquetebol Los Angeles Lakers. A campanha transmitida no último Super Bowl figurava LeBron James, com um slogan sugestivo: “A sorte favorece os audazes”.
Por sua vez, a Coinbase não deve olhar com nostalgia para o ano de 2022, já que viu os valores das ações – negociadas na bolsa – tombar mais de 70% deste o apito final no ano passado. O CEO também anunciou que iria despedir 20% da equipa a nível global, em antecipação daquilo que apelida de “criptoinverno”.
Seja no inverno ou no verão, o que se sabe é que a Coinbase está na mira do regulador norte-americano (SEC). A empresa teve de pagar uma coima de 100 milhões de dólares depois de uma investigação que revelou que a empresa estava a permitir inscrições de utilizadores sem informação prévia adequada. Em Portugal, embora de forma diferente, algumas plataformas de trading também exigem que os novos utilizadores preencham questionários para averiguar o seu conhecimento quanto aos riscos associados aos investimentos.
O Super Bowl é o maior e mais mediático evento desportivo dos Estados Unidos e é também uma das transmissões mais caras em termos de publicidade. A final disputa-se este domingo, no estado norte-americano do Arizona e o concerto de intervalo está a cargo de Rihanna. Quanto aos anunciantes de 2023, os spots já estão todos reservados, e nenhum deles será de uma empresa de criptoativos.
O jogo será transmitido em Portugal, em sinal aberto, pelo canal Eleven.
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