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Depois do domínio em 2022, marcas de criptoativos não vão anunciar no Super Bowl

Depois de terem dominado o espaço publicitário da última edição do Super Bowl, as empresas de criptoativos saíram não tão discretamente da ribalta. Algumas faliram, outras enfrentam as réplicas de uma crise no mercado, mas uma coisa é certa: nenhuma investiu em publicidade no evento desportivo do ano.
12 Fevereiro 2023, 20h36

As empresas do mercado de criptoativos e de trading dominaram as atenções durante os intervalos da última edição do Super Bowl, em 2022. O espaço publicitário do evento esteve repartido entre alguns novatos e outros gigantes – FTX, Coinbase, Crypto.com e eToro -, naquele que é considerado um dos maiores palcos da publicidade. Aquilo que alguns comentadores apelidaram de ‘Crpyto Bowl’ mais não era do que um presságio de touchdown.

Um ano e várias implosões e crises na indústria depois, o cenário é outro e as marcas de criptoativos e investimento já não vão entrar em campo. Este ano, as empresas deste sector têm “zero representação” na publicidade vendida, disse à Associated Press o vice-presidente executivo da Fox Sports, Mark Evans.

A publicidade no Super Bowl atinge valores astronómicos — em 2023, os anunciates pagaram mais de 400 milhões de dólares para assegurar um dos escassos spots televisivos. Um jogo de três horas e meia mexe tanto dinheiro como 75% do mercado publicitário português mexe num ano, segundo contas feitas pelo jornal ECO.

A rápida ascensão das gigantes de criptoativos fez alguns adivinhar uma rápida queda também.

O caso mais marcante do último ano terá sido o da FTX. A plataforma de trading de criptomoedas foi um dos principais anunciantes na última edição do Super Bowl, com anúncios protagonizados pelo comediante Larry David, e pelos jogadores Tom Brady e Stephen Curry.

Apesar de na altura já ser considerada um dos maiores negócios de criptoativos no mundo, a FTX não tinha uma operação assim tão vasta nos Estados Unidos. A campanha foi considerada como um escancarar de porta para uma entrada em peso no mercado norte-americano.

Dez meses depois do anúncio ser transmitido, a FTX estava insolvente. A empresa, sediada nas Bahamas, colapsou quando os investidores começaram a liquidar os seus depósitos, face à controversa e questionável gestão financeira do negócio. O fundador e CEO, Sam Bankman-Fried foi posteriormente detido e acusado de fraude num valor que ascende aos milhares de milhões de dólares. O julgamento arranca em outubro deste ano.

Já a plataforma Crypto.com continua ativa, mas a saúde da empresa está muito diferente do que estava há exatamente um ano. A firma sediada na Singapura anunciou em janeiro deste ano que ia despedir 20% da sua equipa e um relatório dado a conhecer na mesma altura veio confirmar que grande parte dos ativos da empresa estavam associados a criptomoedas com pouco valor de mercado.

Tal como a FTX, que até comprou os naming rights de um estádio norte-americano, a Crypto.com pagou mais 700 milhões de dólares para batizar o antigo Staples Center, onde joga a equipa de basquetebol Los Angeles Lakers. A campanha transmitida no último Super Bowl figurava LeBron James, com um slogan sugestivo: “A sorte favorece os audazes”.

Por sua vez, a Coinbase não deve olhar com nostalgia para o ano de 2022, já que viu os valores das ações – negociadas na bolsa – tombar mais de 70% deste o apito final no ano passado. O CEO também anunciou que iria despedir 20% da equipa a nível global, em antecipação daquilo que apelida de “criptoinverno”.

Seja no inverno ou no verão, o que se sabe é que a Coinbase está na mira do regulador norte-americano (SEC). A empresa teve de pagar uma coima de 100 milhões de dólares depois de uma investigação que revelou que a empresa estava a permitir inscrições de utilizadores sem informação prévia adequada. Em Portugal, embora de forma diferente, algumas plataformas de trading também exigem que os novos utilizadores preencham questionários para averiguar o seu conhecimento quanto aos riscos associados aos investimentos.

O Super Bowl é o maior e mais mediático evento desportivo dos Estados Unidos e é também uma das transmissões mais caras em termos de publicidade. A final disputa-se este domingo, no estado norte-americano do Arizona e o concerto de intervalo está a cargo de Rihanna. Quanto aos anunciantes de 2023, os spots já estão todos reservados, e nenhum deles será de uma empresa de criptoativos.

O jogo será transmitido em Portugal, em sinal aberto, pelo canal Eleven.

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