A vice-presidente da Carris considera que os maiores desafios da empresa se prendem com a frota de autocarros. Apesar de estarmos perante “um trabalho de renovação” de outras frotas, como a de elétricos, “é nos autocarros que temos os maiores desafios”, refere Maria Albuquerque. E uma parte desse desafios prende-se com o gás natural, que já não é the next big thing em termos de transição energética, mas que ainda domina a agenda da transportadora.
Albuquerque participava num painel de debate durante a conferência da Goldenergy e da Axpo, que decorre esta quarta-feira à tarde no Centro Cultural de Belém, e à qual o Jornal Económico se associou como media partner.
A responsável da Carris apontou para a Avenida da Índia, logo no arranque, para recordar que “quinze novos elétricos vão andar aqui a circular a partir do verão deste ano”. Maria Albuquerque refere-se aos novos elétricos, com maior capacidade, mas é rápida a fazer a ressalva que, mais do que renovar frotas, o foco está em renovar com a energia e a tecnologia em mente.
“Só os autocarros elétricos não conseguem responder a todas as nossas metas”, garante, lembrando que um dos compromissos da empresa passa por não comprar mais combustíveis fósseis do que aqueles que já consome. Para cumprir esse desígnio, sublinha, há que “seguir uma transição baseada no gás natural”, que já foi iniciada há alguns anos.
Atualmente, segundo a responsável, 35% da frota de autocarros é movida a gás natural. Até ao final do próximo ano, a empresa espera que essa percentagem suba para 50% e que ultrapasse a barreira dos 64% até 2026. Isto é, quaase duplicar a frota movida a gás natural em apenas três anos.
Sobre o PRR e outros mecanismos de apoio com fundos europeus, Maria Albuquerque refere que o pacote representa também um “bom compromisso”, do abate de viaturas, mas diz que as novas viaturas não chegam a tempo de substituir a frota anterior. “Precisamos de novos veículos – elétricos e a gás natural – para cumprir o nosso compromisso com a Câmara Municipal de Lisboa, que é o nosso acionista”.
A porta está aberta, diz, a novos e mais ecológicos combustíveis, mas esse tipo de transformação não ocorre só na frota, relembra. É transversal à operação da empresa, com efeitos diretos na logística, na manutenção e na formação necessária para os motoristas e técnicos.
Internamente, Albuquerque garante que se estão a estudar novas aplicações ao nível dos combustíveis, mas nesta fase ainda não há I&D em torno do biometano. Como em quaisquer outros combustíveis, também no biometano “teríamos de perceber os custos associados”.
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