O investigador luso-angolano Eugénio Costa Almeida considerou hoje que o presidente do PSD foi a Angola “como secretário pessoal” do primeiro-ministro, sustentando que Rui Rio terá tratado com o Presidente angolano da viagem de António Costa a Luanda.
O presidente social-democrata “foi como secretário pessoal de António Costa a Angola para tratar da visita”, defendeu, em declarações à Lusa, o investigador do ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa) Eugénio Costa Almeida.
Rui Rio foi recebido em Luanda, na sexta-feira passada, pelo Presidente angolano, João Lourenço, e pelo líder do MPLA (no poder) e ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.
Rio e Costa “sempre se deram bem”
O especialista em Angola sublinha que Rio e Costa “sempre se deram bem”, desde que foram autarcas do Porto e de Lisboa, respetivamente, e mesmo atualmente, como líder da oposição e chefe do Governo, “procuram, um e outro, não se atacar diretamente”.
Por outro lado, Costa Almeida refere que o PSD tem “uma relação muito especial, de há muitos anos a esta parte, com o MPLA”, o que justifica que um responsável partidário português tenha sido recebido pelo Presidente angolano, que é dirigente do partido no poder.
“Podiam dizer que foi recebido também porque previsivelmente, João Lourenço vai ser presidente do MPLA, mas se assim fosse, tê-lo-ia recebido no 4 de Fevereiro [aeroporto internacional de Luanda] e não na Cidade Alta [Palácio Presidencial]”, sustentou.
Para o especialista, “é muito natural que a visita de António Costa também tenha sido tratada e abordada [nesse encontro]”.
Costa Almeida rejeitou a ideia do conselheiro de Estado Marques Mendes de que o encontro entre Rui Rio e João Lourenço foi “uma bofetada política” para António Costa, que tem visto a sua intenção de visitar Luanda sucessivamente protelada.
“A ser, seria uma bofetada ao PS, nunca a António Costa”, considerou.
O investigador recordou que, apesar de o PS e o MPLA integrarem a Internacional Socialista, “sabe-se perfeitamente que não se dão muito bem, principalmente por uma parte do PS ter apoiado a UNITA [principal partido da oposição em Angola] na altura da guerra”, acrescentando que “há traumas que custam muito a desaparecer”.
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