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2019: O ano em que o carvão desceu 73% e o solar subiu 26% na produção de eletricidade em Portugal

A descida do peso do carvão e o aumento da capacidade da energia solar são as duas tendências verificadas no mercado energético português em 2019 e que deverão ser as duas das principais tendências nos próximos anos.
7 Janeiro 2020, 08h10

O carvão está a perder peso na produção da eletricidade em Portugal, enquanto a energia solar começa lentamente a descolar. Estas são duas conclusões a tirar da produção de eletricidade no país em 2019.

O peso das duas centrais a carvão – Sines e Pego – no consumo de eletricidade em Portugal afundou 76% em 2019, com a REN a destacar que esta é a “quota mais baixa do carvão desde a entrada em serviço pleno da central de Sines em 1989”.

O consumo de eletricidade a partir da central de Sines da EDP registou uma quebra de 50,1% no ano passado para 4.025 gigawatts hora (GWh). Já a central do Pego, detida pela Tejo Energia, recuou 65% para 1.062 GWh.

Em 2019, a produção de energia renovável pesou 51% no consumo de eletricidade dos portugueses, com as fontes de origem fóssil a pesarem 49%.

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) aponta que o recuo da produção de carvão “é resultado da relação entre os preços do carvão e do gás natural e, acima de tudo, do elevado preço das licenças de emissão de carbono no mercado europeu, acrescido da taxa nacional de carbono e do imposto sobre combustíveis fósseis [conhecida por taxa carvão], que começaram a ser aplicados em 2018 de forma crescente”.

Este abrandamento na produção a carvão levou a uma “redução nas emissões totais do setor eletroprodutor em aproximadamente 4,8 milhões de toneladas, o que equivale a uma quebra de 30%” nas emissões poluentes.

Além de mitigar as emissões poluentes, a redução no consumo de carvão também contribuiu  para a poupança de 743 milhões de euros através da diminuição da importação de combustíveis fósseis, segundo a APREN.

Já a energia solar fotovoltaica segue em sentido contrário. Em 2019, foi a fonte que apresentou maior crescimento percentual entre as diferentes fontes de produção de eletricidade, ultrapassando pela primeira vez a marca de 1.000 gigawatts hora.

A energia solar cresceu assim 27% para 1.052 GWh, aponta a REN, em parte devido à “entrada em operação de centrais como a Ourika!”, localizada em Ourique, distrito de Beja, com uma potência instalada de 46 megawatts (MW).

Mesmo assim, a eólica foi a fonte energética que mais pesou entre as renováveis em Portugal em 2019, sendo responsável por 27% do consumo, a “quota mais elevada de sempre para esta tecnologia”, destaca a REN. Segue-se a hidroelétrica (17%), biomassa (5,5%) e só depois a solar fotovoltaica (2,21%).

Apesar da produção solar fotovoltaica pesar apenas 2,1% no consumo total de eletricidade no país, as previsões do Governo apontam para que este valor venha a subir nos próximos anos.

Depois do primeiro leilão de energia solar que teve lugar em 2019, o Governo quer continuar a realizar leilões para atribuir capacidade nos próximos dois anos.

“Aumentar a capacidade de produção de energia solar em dois gigawatts nos próximos dois anos, dando continuidade aos leilões de capacidade para novas centrais solares fotovoltaicas, estabelecendo para o efeito um programa plurianual”, pode-se ler nas Grandes Opções do Plano divulgadas juntamente com a proposta do Orçamento do Estado 2020.

No primeiro leilão de energia solar realizado este ano, foram atribuídos 1.400 megawatts (MW). O Governo já revelou que pretende avançar com um novo leilão de 600 MW no início de 2020.

Neste documento, o Governo de António Costa voltou a reafirmar que vai mesmo encerrar as duas centrais a carvão existentes em Portugal. “Preparar o fim da produção de energia elétrica a partir de carvão, dando início a esse processo durante a legislatura, com vista ao encerramento ou reconversão das centrais termoelétricas do Pego, até 2021 [pertencente à Tejo Energia], e de Sines [pertencente à EDP], até 2023”.

No entanto, a EDP diz que ainda não tem uma data definida para encerrar a central a carvão de Sines, garantindo que pretende continuar a operar esta central enquanto a mesma for rentável.

“A EDP não anunciou nenhuma data para o encerramento antecipado das suas centrais, incluindo Sines, que continuarão a funcionar enquanto a margem de mercado permitir recuperar os custos fixos”, disse fonte oficial da EDP ao Jornal Económico no final de dezembro.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/governo-quer-continuar-a-realizar-leiloes-de-energia-solar-nos-proximos-dois-anos-526327

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/edp-diz-que-ainda-nao-tem-data-para-o-encerro-antecipado-da-central-de-sines-530039

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