Acabou 2018. Nos seus últimos dias fomos bombardeados nos telejornais com imagens do ano que passou. Nos jornais pudemos ver as coleções dos melhores discos e livros que nos passaram ao lado. O balanço do ano parece estranho: lá fora tudo mal, cá dentro para pior já basta assim. Mas depois das doze passas, dos desejos, do champanhe e do bater das panelas à meia-noite o que vamos enfrentar em 2019?

Os problemas internacionais de 2018 dão-nos o horizonte do que se passará lá fora em 2019. Na Europa, teremos o Brexit descontrolado e impopular em março, dois meses antes de umas eleições europeias que serão marcadas pela afirmação da extrema-direita em vários países da União Europeia. A política da ultra direita xenófoba do grupo de Visegrado – Hungria, Eslováquia, Polónia e República Checa – parece ter ganho fôlego com a eleição de um governo onde participa a extrema-direita em Itália. Macron, o político francês que ia salvar a União, conta com a contestação dos coletes amarelos e não tem o apoio de qualquer força política ou institucional. Com Trump na Casa Branca, Putin no Kremlin e Bolsonaro desde ontem no Palácio da Alvorada, a agenda da xenofobia e do ódio à diferença estará bem viva este ano.

Em Portugal, o ano também poderá ser quente. António Costa fará tudo para alcançar uma maioria absoluta nas eleições legislativas de outubro, provavelmente virando à direita e piscando o olho à esquerda, ou seja, tentando ocupar o espaço do centro-direita que Rui Rio está a deixar vago por inabilidade e falta de comparência e tentando não deixar escapar a aura progressista. Á direita restará apenas a luta pelos despojos de um PSD sem rumo: Cristas achava isso iria ser uma tarefa simples, tal como foi nas autárquicas de 2017 em Lisboa, mas o partido uninominal de Santana Lopes pode baralhar as contas. Vai valer tudo, até fake news.

O debate sobre alternativas far-se-á, por isso, à esquerda, onde o Bloco e o PCP terão de estar preparados para assumir a responsabilidade de serem ou contribuírem para a alternativa governativa do país.

E quem quiser apresentar alternativas terá de falar das duas grandes crises que enfrentamos: a precariedade do trabalho e da habitação. Durante quatro anos, o Governo do PS não permitiu que se alterasse a legislação laboral da troika e a lei do arrendamento de Assunção Cristas. O governo que resultar da maioria parlamentar das eleições deste ano tem de escolher manter o lastro dos anos da direita PSD/CDS ou enfrentar os problemas reais da vida das pessoas.

Finalmente, estaremos todos a falhar se não dermos passos decisivos no combate às alterações climáticas. Infelizmente, o avanço das forças da extrema-direita e o seu negacionismo sobre o problema vão tornar ainda mais difícil este combate, mas esta é uma das lutas que não podemos falhar porque não há plano B.

2019 vai ser um ano de escolhas e delas dependerá se mudamos de futuro. Felizes escolhas novas. Feliz 2019.