A expectativa económica e financeira para 2022 é muito grande. No entanto, seria muito atrevido e arriscado adiantar muitas certezas quando a economia global recupera a pouco e pouco das cicatrizes da pandemia e quando temos demasiadas variáveis voláteis que dificultam antever o que nos espera.
Os desafios são muitos: a evolução da pandemia e as suas restrições; a inflação; o comportamento dos bancos centrais; as taxas de juro; as metas para a transição energética; as ruturas nas cadeias de abastecimento e logística; a escassez de chips, a deslocalização de indústrias do oriente para ocidente; e tantos outros indicadores e fatores que comprometem o nosso futuro.
Acredito que 2022 será um ano crucial para darmos passos concretos no objetivo de emissões zero em 2050. Não podemos vacilar: a aposta num mundo mais amigo do ambiente, a aposta em políticas ESG e o foco nas energias renováveis são o trajeto que temos de trilhar para assegurar a continuidade das futuras gerações.
Contudo, não podemos ignorar a crise de energia e os seus preços elevadíssimos. Esta crise torna a nossa sociedade ainda mais desigual.
Estou convencido de que a inflação será permanente e incerta, alimentada pela escassez de oferta. A dessincronização entre as tendências de crescimento e a inflação são provavelmente a grande incógnita de 2022.
O cenário de estagflacão está no horizonte, com o risco potencial de que os bancos centrais percam o controlo, enquanto tentam equilibrar o crescimento e a inflação. Este cenário é particularmente preocupante ao nível do desemprego e da consequente redução de poder de compra dos cidadãos.
A minha convicção é de que os investidores vão potencialmente procurar soluções de investimento que possam mitigar o risco de inflação, designadamente através de soluções de investimento que têm ativos reais associados.
Para nós portugueses, o ano de 2022 vai depender muito das circunstâncias globais, mas devíamos todos, enquanto Nação e de forma responsável, assumir um compromisso de Estado – incluindo todos os partidos – para reduzirmos significativamente a nossa colossal dívida pública. Fica o desafio!
Bom ano de 2022!