Terminámos 2023 com uma COP inédita em que, pela primeira vez em 30 anos de negociações, se deu um sinal crucial: a decisão de abandonar os combustíveis fósseis com o objetivo de limitar o aquecimento global do planeta a 1,5°C. Mas 2024 chega com muitas mudanças no panorama governativo, e num contexto europeu em que alguns movimentos políticos que negam as alterações climáticas e que defendem o retrocesso da preservação ambiental estão a ganhar cada vez mais força. Neste contexto desafiante, será que em 2024, vamos mesmo restaurar a natureza?
É a esta questão que os políticos devem responder, quer nas eleições legislativas marcadas para março, quer nas eleições de junho para o Parlamento Europeu, demonstrando claramente nos seus programas eleitorais como pretendem, a partir de 2024, proteger e restaurar a Natureza.
Os desafios são muitos e visíveis para todos e as respostas devem ser urgentes, consistentes e assertivas para colocar a Natureza e as Pessoas no centro de todas as decisões. O ser humano depende da natureza para tudo. Neste momento, um pouco por todo o mundo, assistimos a situações de fome e a migrações forçadas devido aos efeitos das alterações climáticas, que tornaram certas áreas geográficas estéreis e inóspitas. Negar esta realidade é, na verdade, condenar o nosso futuro enquanto espécie.
Os cidadãos europeus, no último Eurobarómetro, mostraram-se muito preocupados com os efeitos das alterações climáticas (77%) e o seu impacto na humanidade e consequente perda de biodiversidade. 35% dos cidadãos europeus afirmam estar dispostos a mudar comportamentos em prol de uma natureza mais saudável, mas evidenciam que cabe aos Governos (56%) e às empresas (53%) assumir também esta responsabilidade.
Outros estudos têm vindo a demonstrar como a destruição da natureza afeta a nossa saúde física e mental. Na verdade, a nossa saúde e a nossa qualidade de vida dependem de um Planeta saudável. Salvar a Natureza é salvar as pessoas.
2024 deve iniciar um novo ciclo de esperança para a natureza e para a biodiversidade, mas também para a humanidade. Ao longo do próximo ano devem ser tomadas, sem hesitações, um conjunto de decisões que possam garantir uma natureza positiva para todos.
Queremos uma moratória à mineração em mar profundo em águas nacionais, a obrigatoriedade de remoção de barreiras fluviais obsoletas, mais e melhor investimento na conservação da natureza para cumprir adequadamente a meta de proteção de 30% em terra e no mar, processos de decisão bem substanciados e processos participativos previsíveis e transparentes. É preciso agir já para garantir um futuro sustentável para a vida selvagem, os ecossistemas terrestres, fluviais e marinhos e, sobretudo, para as pessoas.
Quando falamos de proteção da natureza, cada um tem a sua função. Às ONG cabe continuar a trabalhar para conservar e restaurar a Natureza em conjunto com cidadãos, empresas e governos. Cada um desempenha um papel único no que respeita a reverter a perda de biodiversidade e tem de assumir essa responsabilidade. Só com uma natureza próspera, podemos também prosperar em termos sociais e económicos.